O objetivo é dar resposta ao aumento da procura durante o verão. O Centro Hospitalar Universitário do Algarve pede aos médicos e enfermeiros com férias marcadas para agosto que as adiem e promete pagar o triplo pelos dias que trabalhem.
Para o Sindicato Independente dos Médicos esta não é a solução. "Os médicos no Algarve já abdicaram dos seus períodos de férias e muitas vezes da sua vida pessoal e familiar. Se querem dar a entender que ainda é possível fazer mais, temos as maiores das dúvidas. O que têm de fazer é contratar médicos e criar as condições para que este tipo de problemas sejam mitigados", afirma Jorge Roque da Cunha.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, vai mais longe e questiona a legalidade desta medida: "Estas soluções imaginativas quando não estão plasmadas na lei, fazem-nos levantar a maior e sérias dúvidas em relação ao seu teor".
À Renascença, a presidente da Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve diz que não faz sentido levantar essas suspeitas. "Como é óbvio, aquilo que fizemos é dentro da legalidade. Não passa pela ideia de ninguém propor uma medida que não esteja dentro da legalidade. Está tudo estudado em diplomas e os diplomas são publicados, é a lei que nos rege", garante.
Sobre a necessidade de avançar com esta medida, Ana Varges Gomes deixa ainda um esclarecimento: "Não vale a pena passar essa ideia que os médicos e enfermeiros resolveram agora ir todos de férias porque isso é falso, para além disso há um planeamento de férias e um cumprimento da legalidade que nós temos. Independentemente disso, mesmo com toda a gente a trabalhar eu não tenho quadros suficientes para garantir as escalas de urgência", e prossegue: "Não tem a ver com as pessoas estarem de férias ou não. Tem a ver com a questão dos prestadores aparecerem ou não. Os prestadores é que tiram férias quando entendem".
E são precisamente os médicos tarefeiros que também podem ajudar para o mês de agosto ser mais calmo. "Se os tarefeiros aparecerem poderá ser melhor. Se não aparecerem ou faltarem poderá ser pior. Mas eu ainda não consigo dizer porque não consigo prever isso. Eles não são médicos do quadro por isso não posso fazer mapa de férias para os tarefeiros".
O Sindicato Independente dos Médicos não tem conhecimento de nenhum médico que tenha aceitado esta proposta e tem aconselhado os profissionais a recusarem-na. Já a Administração do CHUA diz que só vai anunciar a adesão dos profissionais a este incentivo quando terminar o prazo para o aceitarem que está previsto para esta terça-feira.