Uma praça do Exército foi punido por incitar a falsas declarações sobre o ocorrido nos paióis de Tancos na noite do furto e outro por não ter realizado as rondas regulamentares, revelou esta terça-feira o ministro da Defesa.
Questionado na audição parlamentar na comissão de Defesa Nacional, Azeredo Lopes confirmou que foram instaurados quatro processos disciplinares - que o Exército já tinha divulgado - e deu detalhes sobre as acusações.
Segundo o ministro, um primeiro processo (todos abertos no Regimento de Engenharia 1) diz respeito ao "incitamento à prestação de falsas declarações" e recaiu sobre uma praça, que já cumpriu pena, seis dias de proibição de saída.
O segundo processo foi aberto pela "não realização de rondas aos paióis nacionais" de Tancos", que configura a "violação da norma de execução permanente e da diretiva" e, adiantou, "foram também prestadas declarações falsas no relatório de guarda".
O militar em causa não recorreu da pena, que começou hoje a cumprir, disse, acrescentando que o terceiro processo disciplinar envolve um oficial e foi instaurado pela não execução "da determinação da realização de rondas ao perímetro exterior dos paióis nacionais". Este militar também não apresentou recurso, adiantou.
Quanto ao quarto processo disciplinar, instaurado ao militar responsável pelo controlo de entradas e saídas das cargas dos paióis, foi aberto em resultado de se ter verificado uma discrepância entre o material declarado como furtado e aquele que foi recuperado e ainda não teve desfecho por decorrerem os prazos processuais.
"Uma caixa a mais", disse Azeredo Lopes, que recusou a ideia de que o material recuperado "caiu do céu" e elogiou o trabalho da Polícia Judiciária Militar e da GNR de Loulé na descoberta do material militar.
Quanto aos processos disciplinares, o deputado do PCP Jorge Machado defendeu que "é preciso ir para lá da praça e do oficial", questionando o ministro sobre qual o nível de responsabilidade da estrutura superior do Exército.
Na resposta, Azeredo Lopes questionou Jorge Machado sobre se estaria a pedir a demissão do Comando das Forças Terrestres ou da chefia do Exército, afirmando que não concorda com a visão do PCP.
O ministro disse ainda que enviará ao parlamento "em fevereiro" um "dossier documental" com todas as medidas estruturais que foram tomadas na sequência do apuramento do que correu mal em Tancos.