A transição energética é fundamental e requer a participação de todos, diz o ministro do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes, e “não vamos lá sem esforço”.
Contudo, Matos Fernandes insiste que os benefícios são inconfundíveis e que Portugal tem mesmo de fazer esse esforço para atingir a meta da neutralidade carbónica em 2050 para assegurar a independência do país, não só no campo da energia, mas ao nível económico.
“Há aqui um potencial de criação de emprego, muito superior à perda de empregos. Temos de ter a devida preocupação com os empregos que se perdem, mas são na casa das centenas e aquilo que é criado em termos de emprego é mesmo na casa das dezenas de milhar”, diz o ministro.
“Mas a transição energética implica também passar da dependência para a independência. Ou melhor, ganhar uma enorme independência. Nunca conseguirei entender quem criticava o encerramento da refinaria de Leixões como perda de independência. É essencial, numa economia aberta, ser o mais independente possível em relação às fontes de energia”, conclui o ministro.
Uma independência que se estende também ao futuro, no sentido de Portugal deixar de estar tão dependente da flutuação de preços de fontes de energia importadas, como são as energias fósseis, afirmou ainda Matos Fernandes, aproveitando para classificar como “estranho” o comportamento dos mercados nesta altura, mas salvaguardando que na sua experiência pessoal os aumentos de que se falam no campo da energia não se estão a refletir nos bolsos dos portugueses: “Dizem que a energia aumentou, mas vou todos os meses ver a minha fatura e está na mesma.”
João Matos Fernandes falava na conferência 20 anos de Energia, 20 anos da ADENE, esta quarta-feira no Capitólio, no Campo Mayer, em Lisboa.
O seu discurso inaugural foi antecedido por uma introdução de Nelson Lage, presidente da agência, que disse que o maior desafio “é envolver os portugueses na transição energética” e da “paixão pela eficiência hídrica” na ADENE.
Nelson Lage reparou ainda que a pandemia mostrou que as casas dos portugueses não estão preparadas para o teletrabalho, e que isso também é um desafio para o futuro próximo do país, e terminou falando da importância de “saber ouvir os jovens”, pois “eles são a energia renovável”.
A conferência 20 anos de Energia, 20 anos da ADENE conta com a presença de várias personalidades públicas e políticas, incluindo o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, António Costa Silva, responsável pelo Plano de Recuperação e Resiliência e outros especialistas e ativistas na área da energia e da sustentabilidade.
A ADENE é uma agência pública que tem por objetivo “promover e realizar atividades de interesse público na área da energia e seus interfaces com outras políticas setoriais, em articulação com as demais entidades com atribuições nestes domínios, e ainda promover e realizar atividades de interesse público nas áreas do uso eficiente da água e da eficiência energética na mobilidade”, segundo se pode ler no site.
Entre as suas responsabilidades incluem-se a colaboração com políticas de eficiência energética, a promoção de projetos na área da eficiência energética e hídrica, bem como de energias e tecnologias limpas.