Um dia depois da direção de Rui Rio ter defendido o adiamento das eleições diretas no PSD, o candidato à liderança Paulo Rangel escreveu esta terça-feira aos militantes a rejeitar essa possibilidade.
O eurodeputado recusa "suspender" as eleições diretas para preparar as legislativas, apelando aos sociais-democratas que honrem a sua "tradição democrática e plural".
"Vivemos um momento histórico: os militantes do PSD têm na sua mão o poder de, ao mesmo tempo que elegem o seu líder, escolher o próximo primeiro-ministro de Portugal", sublinha o eurodeputado.
Um dia depois de a direção de Rui Rio ter escrito aos militantes com um novo apelo à reflexão sobre a realização de eleições diretas neste momento de crise política - considerando-as "totalmente desajustadas" -, Rangel defendeu o contrário.
"O PSD tem de honrar a sua tradição democrática e plural, tem de olhar para as eleições internas como um momento para debater o país e preparar as legislativas. Não precisamos de "suspender" a democracia para ganharmos as legislativas", considerou.
Pelo contrário, defendeu, é necessário que "o novo líder do PSD esteja legitimado pelos militantes e com o mandato para disputar de igual para igual e em plena força as eleições gerais, tornando-se no chefe do Governo" do país.
As diretas do PSD decorrem a 4 de dezembro, e apresentam-se como candidatos o atual presidente do partido, Rui Rio, e o eurodeputado Paulo Rangel.
Para o próximo sábado, dia 6 de novembro, está marcado um Conselho Nacional extraordinário do PSD, em Aveiro, para analisar a situação política e um pedido de antecipação do Congresso por parte de dirigentes distritais e conselheiros (na maioria apoiantes de Rangel) de janeiro para entre 17 e 19 de dezembro.
Rio tem-se manifestado contra a realização das diretas face à proximidade das legislativas - cuja data ainda não está marcada -, mas ainda não esclareceu se irá avançar com uma nova proposta formal de adiamento, depois de o Conselho Nacional ter rejeitado essa ideia na última reunião em outubro, ainda antes do "chumbo" do Orçamento do Estado.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá anunciar esta semana, na quinta-feira, a dissolução da Assembleia da República e a data das eleições legislativas antecipadas.
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, pediu ao Conselho Nacional do partido o adiamento do congresso eletivo para depois das eleições legislativas antecipadas. Na resposta, o candidato Nuno Melo falou em "golpe" e vários militantes de peso anunciaram a desfiliação.