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Portugueses e cidadãos residentes em território nacional retidos no Brasil têm recorridos às redes sociais para se queixarem dos voos de repatriamento, mas a embaixada de Portugal rejeita as críticas, que classifica de “injustas” e infundadas”.
São dezenas as queixas que se acumulam na página da rede social Facebook da embaixada de Portugal em Brasília sobre os voos de repatriamento que têm sido autorizados pelos Governos português brasileiro, em regime de reciprocidade, desde que foi anunciada a suspensão as viagens devido à pandemia de Covid-19, em janeiro.
Falta de comunicação, preços abusivos praticados pela transportadora aérea portuguesa TAP, esquecimento dos seus cidadãos por parte do Governo português e pouca oferta de voos são algumas das críticas de cidadãos que dizem estar retidos há meses no Brasil, acusando o executivo de não fazer o máximo possível no processo de repatriamento.
No entanto, em declarações à agência Lusa, o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, afirmou que “essas críticas são, em grande parte, infundadas” e “injustas”, recordando que um total de nove voos extraordinários foram e serão realizados até 15 de abril.
"As autoridades portuguesas fazem uma avaliação permanente da situação e, certamente, que assim que for possível, a restrição dos voos será levantada. (...) Até ao dia 15 deste mês, teremos um total de nove voos extraordinários, em ambos os sentidos, operados pelas companhias aéreas TAP, Latam e Azul. Estes nove voos terão transportado, no total, mais de quatro mil passageiros. Não é coisa pouca, estamos a falar de mais de dois mil passageiros em cada sentido", explicou o diplomata.
Luís Faro Ramos apontou ainda que os postos consulares no Brasil têm feito um "trabalho verdadeiramente notável e extenuante", em plena pandemia, frisando que nunca foi recusada nenhuma inscrição de um cidadão que quisesse regressar a Portugal.
À Lusa, o embaixador detalhou como foi traçado o processo dos voos extraordinários.
"Nós anunciamos que iriam ocorrer esses voos, dissemos às pessoas interessadas em regressar que se inscrevessem nos postos [consulares] e, posteriormente, nós, na embaixada em Brasília, centralizamos uma lista, que enviamos para Lisboa e que foi entregue à TAP, que por sua vez ficou encarregada de contactar os passageiros dessa lista", explicou.
"A TAP fez os contactos e essas pessoas, por uma razão ou por outra, disseram que viajavam, outras que não viajavam, e isso já foi uma decisão de cada um", salientou.
Porém, dentro da lista de pessoas que queria regressar a Portugal foram enquadrados os passageiros considerados "prioritários", que têm sido contactados em primeiro lugar para integrar esses voos.
Questionado sobre quais os critérios dessa prioridade, Luís Faro Ramos apontou três: "Em primeiro lugar, pessoas com problemas de saúde atendíveis, questões de reunificação familiar, e questões de insuficiência económico-financeira comprovada", tendo sido esses fatores que levaram determinados passageiros a serem incluído na "sublista de prioritários" e, assim, a passarem à frente das restantes situações.
"Portanto, quando eu leio críticas de pessoas a dizerem que não foram contactadas, ou que estão há demasiado tempo [à espera], essas críticas, em grande parte, são infundadas, são injustas. Eu percebo que haja ansiedade por parte das pessoas (…), mas acho que é importante entender uma coisa que é muito simples: nós estamos numa situação excecional, e nessa situação, infelizmente existem menos cadeiras do que pessoas para sentar", reforçou.
Segundo o embaixador, há ainda uma lista de espera de mais de mil pessoas, que deverá diminuir com o próximo voo extraordinário, agendado para quarta-feira.
Em relação aos preços dos bilhetes, considerados "abusivos" pelos passageiros, o diplomata referiu que é uma questão que apenas tem a ver com a TAP.
O Governo português alargou até 15 de abril a suspensão dos voos com o Reino Unido e Brasil.
O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com sucessivos recordes de infeções e óbitos associados à Covid-19, que já deixa mais de 353.137 mortes no país e quase 13,5 milhões de infetados em pouco mais de um ano.