A Administração Regional de Saúde de Lisboa equipara o alargamento do horário dos centros de saúde de Almada-Seixal a um plano de contingência da gripe, indicando que há 90 médicos em condições de fazer trabalho suplementar.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul tinha avisado esta sexta-feira que os médicos de família dos centros de saúde de Almada e Seixal estão a ser obrigados a fazer horas extraordinárias devido ao alargamento de horário face ao encerramento da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta no período noturno.
Em resposta ao comunicado do sindicato, a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo indica que se trata de uma "solução de contingência", em que a afetação de profissionais de saúde e o horário do atendimento complementar dos centros de saúde "são idênticos ao habitualmente adotado no plano de contingência para as temperaturas extremas/gripe".
"A diferença entre esse plano e o atual são duas horas suplementares nos dias úteis", acrescenta a resposta da ARS.
Refere ainda que há no agrupamento de centros de saúde Almada-Seixal 90 especialistas de medicina geral e familiar, 144 enfermeiros e 49 assistentes técnicos que "reúnem condições para participar no atendimento complementar em regime de trabalho suplementar".
"Salienta-se ainda que o atual horário/oferta de cuidados também teve em consideração tratar-se de uma zona urbana com grande densidade populacional, onde há pais que trabalham longe do local de residência e, por isso, chegam mais tarde a casa", acrescenta a ARS.
Na semana passada, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que a urgência pediátrica do Garcia de Orta, em Almada, iria passar a encerrar todas as noites, entre as 20:00 e as 08:00, apontando como alternativa dois centros de saúde que alargaram o seu horário.
A unidade de saúde da Amora, no Seixal, e a Rainha Dona Leonor, em Almada, passaram a funcionar das 08:00 às 00:00, nos dias de semana, e das 10:00 às 22:00, ao fim de semana.
Uma "imposição", segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, que tem um tempo indeterminado e que, na visão do sindicato, é um "grave desrespeito pelos profissionais de saúde", que só receberam esta informação na última sexta-feira, três dias antes do início do trabalho extraordinário (segunda-feira).
Além disso, os sindicalistas defendem que a solução "coloca sérios problemas", porque a escala de trabalho extraordinário é "imposta e determinada pelas chefias" e o limite de trabalho extraordinário "não é respeitado no que concerne ao atendimento complementar realizado pelos médicos de família".
O encerramento da urgência pediátrica do Garcia de Orta no período noturno deve-se à falta de pediatras, que já afeta o hospital há mais de um ano, quando saíram 13 profissionais, pelo menos alguns deles para o setor privado.