Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica (EESMO) vão continuar sem prestar cuidados diferenciados.
A decisão surge depois de o Ministério da Saúde ter deixado para Setembro a discussão sobre a alteração das remunerações. Os EESMO estão em protesto desde 3 de Julho.
Em causa estão a falta de pagamento pela prestação de cuidados especializados e o adiamento de uma decisão para depois do Verão. Os profissionais defendem que, tal como acontece noutras carreiras, também os enfermeiros especialistas devem ser pagos como tal.
Para Bruno Reis, porta-voz do movimento que representa os EESMO, o memorando de entendimento acordado com o Governo, que prevê o adiamento para Setembro a discussão sobre a alteração das remunerações, "é um papel de boas intenções, mas continua a não materializar propostas efectivas".
Segundo o documento, a que a Lusa teve acesso, a tutela considera legítima a compensação exigida, mas afirma não existirem condições para que a actualização seja feita antes de Setembro.
O motivo do adiamento é a necessidade de conhecer primeiro os reais impactos das regras de descongelamento de carreiras. “Sem o conhecimento da metodologia que venha a ser adoptada, [o pagamento da especialização] acarreta o risco de inversão das posições relativas dos profissionais, com os efeitos nefastos inerentes”, pode ler-se no memorando.
O Ministério da Saúde argumenta ainda que a compensação dos enfermeiros especialistas "pode revestir diversas modalidades" e que a tomada de decisão “deveria ser precedida de um estudo mais aprofundado das reais necessidades dos estabelecimentos".
Os enfermeiros especialistas estão há dez anos à espera de uma solução para o pagamento da prestação de cuidados especializados. Bruno Reis afirma que os profissionais são “sempre renegados para segunda escolha”.
"Estamos cansados. [A tutela] tem perfeitamente margem e enquadramento para resolver esta e outras questões. Não percebo como para outras classes profissionais o enquadramento é feito e os números apresentados e para os enfermeiros continua tudo na mesma", considerou Bruno Reis.
Neste momento, estão afectadas pelo protesto 11 unidades hospitalares, mas o número aumenta todos os dias. "Hoje é Ponta Delgada, amanhã o Centro Materno-Infantil do Norte e Cova da beira e na segunda-feira outros se lhes vão seguir", afirmou o porta-voz do movimento EESMO.