Os Estados Unidos e os talibãs assinaram este sábado em Doha, no Qatar, um acordo de paz histórico que abre a porta à retirada militar total dos americanos do Afeganistão após 18 anos em guerra.
Segundo a Associated Press (AP), o acordo prevê que dos 13 mil militares norte-americanos presentes no país apenas restem 8.600 dentro de três a quatro meses, e que a retirada total aconteça em 14 meses. Essa retirada fica, no entanto, pendente do respeito dos talibãs pelo acordo e do seu compromisso de combater o terrorismo.
A AFP adianta que o secretário da Defesa americano, Mark Esper, afirmou que os EUA “não hesitarão em anular o acordo” se este for desrespeitado. “Se os talibãs não respeitaram os seus compromissos, vão perder a oportunidade de se sentar com os outros afegãos e deliberarem sobre o futuro do seu país”, disse o chefe do Pentágono.
Também o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, presente na assinatura do acordo em Doha, advertiu que este entendimento é apenas o princípio de um processo de paz e que ainda há muito para fazer. “Este é um momento cheio de esperança, mas é só o princípio, há uma grande quantidade de trabalho pela frente no campo diplomático”, disse Pompeo em conferência de imprensa em Doha, adiantou a EFE.
O secretário de Estado disse que os EUA têm uma visão “realista” do acordo, mas que estão a “agarrar a melhor oportunidade de paz numa geração”. Pompeo, que afirmou ainda estar zangado com os ataques talibãs aos EUA de 11 de setembro de 2001, disse também que não se podia “desperdiçar” o que o soldados conquistaram “com sangue, suor e lágrimas”.
A União Europeia já pediu que as negociações para uma paz duradoura entre afegãos comecem “sem demora”. “A União Europeia considera a conclusão hoje do acordo entre Afeganistão e EUA e entre os EUA e os talibãs um importante primeiro passo em direção a um processo de paz completo, com as negociações entre afegãos no centro”, disse o representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, numa declaração em nome dos 27 Estados-membros. Borrell acrescentou que “não se pode perder a atual oportunidade de avançar em direção à paz”.
A assinatura do acordo ocorre uma semana depois de a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e os talibãs se comprometerem a reduzir a violência na região.
A 17 de fevereiro, os talibãs anunciaram que tinham chegado a um acordo com os Estados Unidos que permitiria a assinatura de um tratado para colocar fim a duas décadas de conflito no Afeganistão.
O acordo inclui a possibilidade de negociações diretas entre os rebeldes e o Governo afegão, que o movimento insurgente tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos. O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.
O primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo Governo de Cabul de 5.000 dos cerca de 11.000 elementos do movimento que se encontram presos. Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.
Trump anuncia que vai reunir-se em breve com dirigentes talibãs
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que vai reunir-se em breve com dirigentes dos talibãs, após a assinatura de um acordo de paz com o grupo rebelde para pôr fim ao conflito no Afeganistão. "Vou reunir-me pessoalmente com líderes talibãs num futuro não muito distante", disse Trump, numa conferência de imprensa na Casa Branca.
Os Estados Unidos e os talibãs assinaram hoje em Doha, no Qatar, um acordo de paz histórico que abre a porta à retirada militar norte-americana do Afeganistão após 18 anos de conflito. O acordo prevê que dos 13 mil militares norte-americanos presentes no país apenas restem 8.600 dentro de três a quatro meses, e que a retirada total aconteça em 14 meses.
Essa retirada fica, no entanto, pendente do respeito dos talibãs pelo acordo e do seu compromisso em combater o terrorismo. "Se as coisas correrem mal, vamos regressar", avisou Trump.
Questionado sobre as críticas de John Bolton, seu antigo conselheiro de segurança nacional, que considerou o acordo "inaceitável", Trump reagiu. "Ninguém devia criticar este acordo ao fim de 19 anos", afirmou. "O que fizemos pelo mundo é incrível", acrescentou.