Caso das gémeas luso-brasileiras. Marcelo diz que irá a tribunal se aparecer alguém que diga que fez pressão
01-12-2023 - 11:45
 • João Cunha com Renascença

Presidente da República comentou a polémica relativa ao tratamento das gémas luso-brasileiras no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Soussa, disse esta sexta-feira estar disponível para ir a tribunal caso apareça alguém que o acuse de pressões no caso do tratamento das gémeas luso-brasileiras no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

"Naturalmente que, como em tudo na vida, se vier a aparecer alguém que diga que eu contatei ou que fiz qualquer pressão ou empenho ou pedido, como eu disse aí eu sou p primeiro a ir a Tribunal esclarecer isso. Até lá não apareceu", disse numa curta declaração aos jornalistas à margem das comemorações do 1 de dezembro.

Na quinta-feira em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público, Marta Temido falou da polémica com duas gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal, que receberam em Portugal um tratamento no valor de quatro milhões de euros, e defendeu Marcelo.

A ex-ministra da Saúde refere como "normal" a tramitação de reclamações de cidadãos para a Presidência da República e daí para o gabinete do primeiro-ministro. "O pedido de verificação do que se passava com este caso entrou no Ministério da Saúde junto com outros pedidos. É o circuito normal".

Marta Temido iliba ainda o secretário de Estado Adjunto e da Saúde de então, António Lacerda Sales, e salienta que havendo uma "nota de que há duas crianças que precisam de um tratamento, se as crianças têm documentos nacionais do nosso país, o normal era as crianças serem tratadas no nosso país".

Ou seja, bastava as gémeas terem nacionalidade portuguesa para serem tratadas pelo Serviço Nacional de Saúde.

A ex-governante e atual deputada e presidente da concelhia do PS de Lisboa revela que ainda não foi contactada nem pelo Ministério Público, nem pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e espera que o processo avalie, "pelo menos, três questões: se houve ou não houve uma interferência indevida; se as crianças deveriam ou não deveriam ter sido tratadas e, em última instância, se o medicamento a utilizar deveria ser aquele ou deveria ser outro".

Esta sexta-feira, o líder do Chega, André Ventura, disse que o partido irá chamar ao Parlamento a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, e o ex-secretário da Saúde, Lacerda Sales, para explicar o caso. Ventura considera que o "turismo de saúde" está cada vez mais forte em Portugal.