O acesso a diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos de oncologia tem de ser para todos que vivem Portugal, defende o presidente do Instituto Português de Oncologia do Porto, Júlio Oliveira, na data em que se assinala o Dia Europeu dos Direitos dos Doentes.
“Num quadro mais macro, é necessário garantir que, dependendo da doença oncológica ou da suspeita, o doente possa ter acesso aos cuidados mais diferenciados, independentemente de entrar no sistema em Bragança, Castelo Branco, Faro, Porto, Coimbra ou Lisboa. Portanto, é necessário que cada cidadão português e cada pessoa que vive em Portugal tenha acesso aos melhores cuidados de saúde”, afirma o responsável pelo IPO Porto à Renascença.
Em tom de recomendação ao novo governo, Júlio Oliveira pede “visão estratégica” para atrair mais investigação clínica, e “investimento na tecnologia” para oferecer mais “qualidade de vida” a quem está, por exemplo, nos cuidados paliativos.
“Quando estamos a falar de doentes que têm uma condição incurável, é absolutamente essencial oferecer uma tecnologia que lhes possa dar uma maior expectativa de controlo da doença. Felizmente, há cada vez mais instrumentos e armas terapêuticas a surgir. E nesse contexto de competitividade internacional, para conseguirmos atrair mais investigação clínica, mais ensaios clínicos, mais tecnologia para o país - preferencialmente com menor custo, mas maior impacto na sobrevivência e na qualidade de vida dos doentes - devemos organizar os cuidados e o ecossistema de saúde em Portugal”, salienta.
No domínio da investigação dos vários tipos de cancro, o presidente do IPO Porto garante que tem “sido feito muito, felizmente” e de forma “cada vez mais acelerada”, mas “não tanto” quanto a sociedade e os doentes precisam.
“Principalmente na última década, tem havido grandes avanços na investigação que permite conhecer melhor a biologia do cancro. Porque é que ele surge? Como é que se desenvolve? Como é que adquire resistência aos tratamentos? E isto tem permitido desenvolverem-se medicamentos mais seguros e eficazes, que conseguem aumentar a sobrevivência e preservar qualidade de vida dos doentes.”
Um dos exemplos que Júlio Oliveira dá relativamente ao avanço do conhecimento é a manipulação de células do sistema humanitário, que são “reprogramadas geneticamente” e usadas para reconhecer e combater o cancro, algo que “há uns anos seria considerado ficção científica”.
O presidente do IPO Porto garante que a instituição está a procurar “contribuir para a expansão do conhecimento” da doença, e quer ser reconhecida “internacionalmente” pelos avanços na luta contra o cancro.
“Esperemos que no futuro, e não muito longínquo, o cancro possa vir a ser uma história do passado. Ainda não o é, mas instituições como o IPO do Porto e instituições de investigação portuguesas e internacionais estão a trabalhar de forma muito árdua, para que realmente possamos construir o cancro como uma história do passado.”
O Dia Europeu dos Direitos dos Doentes assinala-se esta quinta-feira, 18 de abril.