O PSD responsabilizou hoje o primeiro-ministro pela atual situação do mercado da habitação e avisou o Governo que ou emenda o seu programa e segue o sentido das propostas sociais-democratas ou terá oposição total com voto contra.
Estas posições foram transmitidas pelo vice-presidente do PSD António Leitão Amaro no parlamento, numa conferência de imprensa em que procurou não fazer comentários de forma aprofundada sobre as críticas feitas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, às propostas já apresentadas pelo executivo socialista em matéria de habitação.
António Leitão Amaro integrou as posições de Marcelo Rebelo de Sousa no conjunto de críticas já feitas pelo ex-Presidente da República Cavaco Silva, por diferentes partidos, associações e agentes do setor da habitação em relação à orientação das medidas do Governo.
"Mais do que comentar o que o Presidente da República quis ou não - isso nem é habitual fazermos - é perguntar quem é o responsável pelas críticas que todos os agentes políticos, sociais e responsáveis por instituições fazem. É naturalmente o primeiro-ministro, porque foi ele quem anunciou estas medidas. Ele é o responsável pela crise e pelo desastre causado nestes sete anos", sustentou o antigo secretário de Estado social-democrata.
Na segunda-feira, em visita às instalações da CMTV, o Presidente da República considerou que o conjunto de medidas do Governo para a habitação "é inoperacional".
"Quer dizer, tal como está concebido, logo à partida, é inoperacional, quer no ponto de partida, quer no ponto de chegada", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado se o PSD gostou desta posição transmitida por Marcelo Rebelo de Sousa, António Leitão Amaro respondeu: "Não se trata de gostar ou não gostar, o PSD foi dos primeiros - e continua a ser - a denunciar o erro profundo da estratégia do Governo".
"O Governo está cada vez mais isolado e cada vez mais errado a cavar fundo esta crise na habitação, agravando-a com a sua incapacidade de agir", acusou.
No entanto, de acordo com o vice-presidente do PSD, o Governo do PS "ainda tem uns dias para emendar a mão, para largar as suas soluções erradas".
"E tem um ótimo farol, uma ótima proposta do que pode ser um pacote de habitação que funcione e que foi validado por este parlamento: o caminho alternativo do PSD, que combina medidas de promoção da oferta e de colocação de mais casas no mercado, com medidas de apoio transitório à procura", sustentou.
Na semana passada, os projetos do PSD sobre habitação foram viabilizados na generalidade pela maioria do PS no parlamento.
Perante os jornalistas, António Leitão Amaro procura realçar a ideia de que o Governo e o PS "ainda têm tempo para emendar".
"Se não o fizerem, o PSD garante aos portugueses que será oposição firme em relação a todas essas soluções erradas. Uma oposição que não se traduzirá não apenas na denúncia mas também no sentido de voto. E o PSD garante outra coisa: Tendo maioria, estas medidas radicais [do Governo] terminam", acentuou.
O vice-presidente do PSD considerou que o pacote do Governo, tal como está, prejudicará investidores, proprietários e, sobretudo, inquilinos e todos aqueles que procuram casa, sobretudo os mais jovens".
"Ataques à propriedade privada e à iniciativa privada, ataques à confiança no investimento com o arrendamento forçado, eliminação do alojamento local, limitação de rendas e Estado a fazer aquilo que não sabe, como ser intermediário imobiliário ou segurador de rendas", disse, caracterizando as propostas do Governo.