Portugal perdeu 2,1% da população entre 2011 e 2021, invertendo a tendência de crescimento registada nas últimas décadas, indicam os resultados definitivos dos censos de 2021 divulgados esta quarta-feira.
"Residiam em Portugal, à data do momento censitário, dia 19 de abril de 2021, 10.343.066 pessoas (4.920.220 homens e 5.422.846 mulheres), o que representa um decréscimo de 2,1% face a 2011", adiantou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o INE, essa redução constitui uma inversão na tendência de crescimento da população que se verificou nas últimas décadas e representa a "segunda quebra populacional registada desde 1864, ano em que se realizou o I Recenseamento Geral da População", agravando-se o fenómeno de envelhecimento da população, com o aumento expresso da população idosa e a diminuição da população jovem.
Ao mesmo tempo, a população estrangeira residente em Portugal cresceu 37%.
Em termos de série censitária, Portugal apenas tinha registado uma redução do seu efetivo populacional nos censos de 1970, como resultado da elevada emigração verificada na década de 60, salientou o instituto.
Na última década, o Algarve (3,6%) e a Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) registaram um crescimento populacional, enquanto nas restantes regiões decresceu o efetivo populacional, com o Alentejo (menos 7,0%) e a Região Autónoma da Madeira (menos 6,4%) a observarem as descidas mais significativas, indicou o INE.
Agregados familiares mais pequenos e mais pessoas sozinhas
Nos últimos dez anos os agregados familiares encolheram e aumentou o número de pessoas que vivem sozinhas, revela o Censos 2021 do Instituto nacional de estatística (INE), realizado durante duas semanas em abril, e cujos resultados finais foram hoje divulgados. As respostas dadas pelos Portugueses mostram que os núcleos familiares são agora mais monoparentais (maioritariamente mãe e filhos) ou reconstruídos (casais que se juntam já com filhos de outra união). Em 2021 esses agregados eram de 2,5 pessoas, menos 0,1 face ao valor apurado em 2011. Os núcleos com quatro pessoas representam agora 14,7%, com cinco ou mais pessoas 5,6%.
Em Abril de 2021, 43,5% da população em Portugal era solteira, 41% casada, divorciados ou viúvos correspondiam a 8,0 e 7,5% respetivamente. Comparativamente com o ano de 2011 é a população casada quem mais perde terreno. De acordo com os dados agora divulgados pelo INE vivam em união de facto 10008604, o que representa um crescimento de 38,2%, uma realidade mais verificada a sul do país e com menor expressão a norte.
Escolaridade aumentou, mas mais de metade só tem o ensino básico
O nível de escolaridade “aumentou de forma significativa”, os cidadãos com ensino superior cresce de 13,9% para 19,8% e com o ensino secundário há agora mais 8%. O estudo das Ciências, administração e direito são as áreas preferidas, seguidas da saúde e proteção social, já a formação na área da agricultura, silvicultura, pescas e ciências veterinárias registaram uma queda no interesse das formações no ensino superior. Os homens preferem as tecnologias e engenharias, as mulheres seguem maioritariamente áreas da educação, saúde e proteção social.
A taxa de analfabetismo diminuiu situando-se agora nos 3,1%.
Rendas subiram 42% em 10 anos e Lisboa bate recordes
Nos últimos dez anos aumentou o numero de edifícios e de alojamentos destinados à habitação, embora a um ritmo menos acelerado. Reforçou-se o peso da primeira habitação em detrimento das residências secundárias e subiram os arrendamentos, 16%. Embora a grande maioria dos alojamentos de residência habitual seja ocupada pelo proprietário ( 70%) as casas usadas para arrendamento passaram a representar 22,3%.
As rendas em média rondavam em 2021 os 334 euros, um acréscimo de 42,1% dace a 2011 (235 euros) com a área de Lisboa a bater recordes como a zona mais cara e o Alentejo com as rendas de casas mais baixo. Das respostas dadas pelos portugueses conclui-se que a maioria dos edifícios não necessitava de reparações.
Portugueses demoram 20 minutos a chegar ao trabalho
O censos avaliaram as deslocações diárias para o trabalho ou para a escola, e concluíram que em media os portugueses demoram 19,9 minutos a chegar ao destino, no entanto há exceções, a mais significativa na área metropolitana de lisboa onde os residentes demoram 25 minutos nas deslocações e 30 minutos se estivermos a falar do Barreiro.
O automóvel continua a ser o meio de transporte mais usado, as bicicletas representam 1% nos meios de transporte.
População católica baixou 8%
Duas questões opcionais que receberam resposta participada dos portugueses foi a religião e grau de dificuldade.
A população residente com 15 ou mais anos de idade continua a ser maioritariamente católica, embora entre 2021 e 2022 se tenha registado uma queda de 8,1%. Segue-se depois o núcleo dos que não têm religião ou outras.
Questionados sobre dificuldades os portugueses declararam não ter qualquer dificuldade (97%) , poucos foram os que apontaram problemas na visão, de memória ou no andar.