Preocupados com o aumento do consumo de droga na Avenida de Ceuta, em Lisboa, os presidentes da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado, e de Campo de Ourique, Pedro Costa (filho de António Costa), enviaram uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas e ao ministério da Administração Interna.
No documento a que a Renascença teve acesso, os responsáveis socialistas alertam para o “aumento do número de pessoas a realizarem consumo de substâncias psicoativas a céu aberto” e pedem medidas com “caráter de urgência” para esta área da cidade de Lisboa que antes era ocupada pelo bairro do Casal Ventoso- já na altura conhecido pelo consumo de drogas.
“Estamos perante um novo Casal Ventoso”, alerta Davide Amado, que afirma que o nível de resposta é o mesmo há vários anos apesar de o problema se acentuar. “É um grito de alerta”, admite em declarações à Renascença.
A carta destina-se a cinco responsáveis: Carlos Moedas, presidente da CM Lisboa; José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna; João Goulão, presidente do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências); Ana Vasques, presidente do Instituto da Segurança Social; e Luís Goes Pinheiro, presidente da AIMA (Agência para Integração, Migrações e Asilo).
O grito de alerta é também assinado por várias associações que trabalham no terreno com as pessoas com problemas de toxicodependência.
“No espaço público, acumulam-se seringas e outros materiais descartáveis associados ao consumo de substâncias psicoativas, colocando em risco a saúde púbica, seja dos próprios utilizadores de substâncias psicoativas, como de todas as pessoas que desenvolvem o seu quotidiano nestes espaços (moradores, estudantes, trabalhadores, transeuntes)”, pode ler-se no documento.
O autarca de Alcântara lamenta a falta de coragem política para resolver o problema: “Se a Web Summit fosse nesta zona o problema estava menorizado ou até já estava resolvido”, atira Davide Amado.
Mesmo sendo do PS, não poupa o atual governo, garantindo que “tem havido uma negligência por parte de quem tem capacidade de resposta”. E esclarece quem são os alvos das críticas: “a CML e o governo também, obviamente”.
O problema detona uma outra crise: há cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo que montam tendas nas margens da Avenida de Ceuta e por lá pernoitam.
A juntar ao diagnóstico, os autarcas de Alcântara e Campo de Ourique assinalam os “vários relatos de residentes sobre o nível de medo e perceção de insegurança”, nesta zona.