David Lopes, o gestor que coordenou a equipa da Câmara Municipal de Lisboa responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), considera que, com o evento, “a Igreja mostrou uma face que muitas pessoas não conheciam”, criando assim uma "oportunidade" que não se pode perder.
“Como é que podemos pôr esta força anímica, esta esperança ao serviço da paz, da unidade, da diversidade, do encontro entre religiões? Acho que é um desafio absolutamente extraordinário que a Igreja formal em Portugal tem que agarrar com as duas mãos, para que esta chama não se apague”, disse esta quarta-feira, na segunda sessão do ciclo de conversas “E Deus em Nós?”, moderadas pela jornalista Maria João Avillez.
Ao longo de uma hora, David Lopes recordou a preparação do encontro mundial de jovens com o Papa Francisco, em particular a logística associada à higiene urbana, à mobilidade e à segurança, e destacou a qualidade da transmissão televisiva do evento, que chegou a mais de 400 milhões de lares. O gestor não esqueceu ainda “os milhares de polícias que se deram como voluntários”.
"Uma dose de milagre muito grande"
Para esta sessão centrada na JMJ, Maria João Avillez convidou também Matilde Trocado, encenadora e diretora artística do evento, que referiu que, ainda que as equipas tenham trabalhado metodicamente, “olhando para tudo, houve uma dose de milagre muito grande”.
“Todos sentimos a força que estava no ar naqueles dias”, referiu, depois de ter falado sobre a experiência de coordenar os ensaios do grupo de jovens artistas de 22 nacionalidades, que atuou nos eventos centrais da jornada. “Queríamos que tudo fosse feito de jovens para jovens.”
Questionada sobre o que deve agora a Igreja fazer, na sequência do encontro que trouxe a Lisboa mais de um milhão de jovens, Matilde Trocado recordou as palavras do Papa Francisco, quando pediu aos jovens que não tivessem medo. “Sei que o caminho até à jornada foi duro, mas a Igreja não se deve encolher. Não devemos ter medo de abrir as portas a quem quer que seja”.