O Secretariado Permanente do Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa manifesta apoio a D. Manuel Clemente, perante as notícias que questionam a sua gestão de casos de abusos sexuais.
“Em vez de possibilitar uma maior tomada de consciência acerca do problema dos abusos sexuais na Igreja e de conduzir a um debate sério sobre o clericalismo (como o Papa Francisco já indicava na carta enviada ao Povo de Deus sobre os abusos sexuais, abusos de poder e abusos de consciência, em 20 de agosto de 2018), a dinâmica mediática transformou tudo em mais um ‘caso’”, lamentam os responsáveis, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
Os cinco membros do Secretariado Permanente deste órgão consultivo do cardeal-patriarca assinalam que se vivem “tempos exigentes” para a Igreja, com a divulgação, “semana após semana” de notícias sobre abusos sexuais.
“Alguns são casos já investigados, outros até já julgados; uns condenados, outros arquivados”, acrescentam.
"Encontramo-nos num caminho de conversão para que crimes destes nunca mais sejam encobertos, e que, de futuro, preventivamente, tudo se faça para que eles não se repitam”.
A nota deixa uma palavra de solidariedade a D. Manuel Clemente, perante acusações de encobrimento de casos de abusos, que tem rejeitado.
“Queremos contar com o nosso patriarca, cardeal Manuel Clemente, como contamos até aqui. Para que, em comunhão com ele, nos anime a irmos mais além no serviço ao Povo que nos é confiado e na procura da verdade e da justiça que o anúncio do Evangelho comporta”, pode ler-se.
“Confiamos a Deus o nosso Patriarca Manuel, para que Ele o abençoe e fortaleça, em todas as circunstâncias da sua vida. O cuidado materno de Nossa Senhora não lhe há de faltar”, conclui a mensagem, assinada pelos padres Alberto Gomes, José Manuel Pereira de Almeida, José Miguel Pereira, Nuno Amador e Ricardo Figueiredo.
A 5 de agosto, o Papa recebeu em audiência privada, no Vaticano, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
O Patriarcado informou então, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, que o encontro aconteceu a pedido de D. Manuel Clemente, tendo decorrido “num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal”.
A 29 de julho, o cardeal-patriarca de Lisboa publicou uma carta aberta para explicar procedimento relativo a um caso de abusos sexuais, denunciado em 1999, reforçando o compromisso de “tolerância zero” para estas situações.
“Aceito que este caso e outros do conhecimento público e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje todos queremos ver implementados”, assinalou D. Manuel Clemente.
O Patriarcado de Lisboa respondeu hoje a acusações feitas noutro caso, após uma reportagem televisiva, negado que o cardeal tivesse tido conhecimento de alegados abusos cometidos pelo então padre Inácio Belo, em 2003.
“Foi na investigação prévia, realizada entre 2013 e 2014, que o atual patriarca de Lisboa teve conhecimento da denúncia dum caso de abuso atribuído ao referido sacerdote”, indica uma nota divulgada pela RTP.