As crianças da comunidade Sateré-Mawé, na Amazónia brasileira, já podem ler as histórias da Bíblia na sua língua nativa. A nova edição é da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que desde dezembro já distribuiu mil exemplares do livro ‘Bíblia da Criança – Deus Fala com os seus filhos’, na língua Sateré.
Em comunicado a AIS explica que esta nova edição resulta “da dedicação e militância de sete catequistas locais, que foram traduzindo as suas histórias para a língua nativa”. Um deles, Dercival Santos Batista, membro da comunidade de Sateré-Mawé, mostra-se entusiasmado com o resultado final. “Os nossos filhos, e a nossa juventude, poderão caminhar pelo caminho certo, e é também muito importante para a nossa própria compreensão da Palavra de Deus”, afirma.
Honorato Trindade, outro dos tradutores, diz que o livro vai contribuir para a preservação da cultura local. “Estamos a perder a nossa língua, e devemos lutar para a manter. Muitas das palavras desta Bíblia caíram fora de uso e exigirão investigação por parte dos leitores”, sublinha.
Também o padre Henrique Uggé - missionário italiano do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras - não tem dúvidas sobre a importância que tem para os nativos daquela comunidade terem a ‘Bíblia da Criança’ na sua língua natal. “Isto será muito útil para eles. Todos gostamos de ouvir, ler e meditar a Palavra de Deus na nossa própria língua, no nosso próprio contexto cultural e histórico”, diz o sacerdote que está na Amazónia desde 1972, quando a comunidade indígena corria o risco de extinção.
Este povo, que vive nas regiões de Andirá e Marau, é atualmente composto por cerca de trinta comunidades. Há 50 anos eram apenas 1.200 pessoas, mas hoje são 12 mil e as crianças beneficiam de uma rede de escolas bilingue.
A ‘Bíblia da Criança’ é uma compilação de 72 textos do Antigo e do Novo Testamento, que permite aos mais novos familiarizem-se com as Sagradas Escrituras. Publicada pela primeira vez em 1979, já foi traduzida em 190 línguas, em mais de 50 milhões de exemplares, 10 milhões só no Brasil.
Além da versão em português, já é possível ler este livro noutras línguas indígenas existentes no Brasil, como o Guarani, Tukano, Ticuna e Macuxi, a que agora se junta o idioma Sateré-Mawé.