O eurodeputado socialista Francisco Assis considera que a ida de António Domingues a Bruxelas falar sobre a Caixa Geral de Depósitos quando ainda estava no BPI foi um sinal de amadorismo do Governo.
“Considero que francamente se deveria ter evitado. É evidente que nessa altura o actual presidente do conselho de administração da Caixa já teria avisado o BPI que ia deixar de exercer funções, há que ter confiança na sua seriedade, mas devia ter sido evitado”, diz Assis, em declarações a Carla Rocha – Manhã da Renascença.
“Não há dúvida nenhuma que revela algum amadorismo no tratamento deste processo”, afirma, acrescentando, no entanto que “se foi capaz de agir correctamente na substância da questão”.
Nestas declarações à Renascença, Assis critica ainda a forma como o Presidente da República se tem pronunciado sobre o governo, nomeadamente os elogios à solidez da solução encontrada para suster o Executivo.
Francisco Assis considera que as “as declarações do Presidente da República foram excessivas e nesse sentido até inapropriadas”, acusando Marcelo de confundir funções.
“Compreendo que haja uma preocupação de assegurar um bom relacionamento institucional mas penso que o Presidente da República tem confundido um pouco as suas funções com as de um analista político, como foi durante muitos anos nas várias televisões por onde passou. Considero excessivas as considerações que fez, não apenas na relação com o governo, como na forma como abordou as questões de eventuais alternativas que passassem por um hipotético Bloco Central que neste momento, ao que creio, ninguém está a preconizar neste país”, remata.
Governo garante que não houve acesso a dados confidenciais
O secretário de Estado das Finanças confirma que o presidente da Caixa participou em reuniões com autoridades de Bruxelas, antes da sua nomeação para o cargo, mas garante que António Domingues não teve acesso a qualquer informação confidencial.
Em resposta à Renascença, o secretário Ricardo Mourinho Félix confirma ter acompanhando o então administrador do BPI a duas reuniões, em Frankfurt e a Bruxelas, para avaliar se as condições que o administrador colocava para aceitar o cargo podiam ser cumpridas.
As reuniões, já confirmadas pela Comissão Europeia, aconteceram poucos dias depois do convite para que António Domingues presidisse o banco público.