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O impacto do choque económico sem precedentes vai atingir a União Europeia de forma sistémica já que a pandemia chegou ao conjunto dos Estados-membros. Mas a recessão económica e o ritmo da retoma serão desiguais entre os “27”, segundo as previsões económicas divulgadas esta quarta-feira pela Comissão Europeia. Espanha e Itália serão os mais atingidos.
Apesar das inúmeras medidas já tomadas a nível europeu e nacional, a Comissão Europeia prevê que a economia da UE registe este ano uma recessão que assumirá "proporções históricas".
As projeções de crescimento para a UE e zona euro foram revistas em baixa em cerca de 9%.
A crise está a atingir gravemente o consumo, a produção industrial, o investimento, as trocas comerciais, os fluxos de capitais e as cadeias de abastecimento. Apesar do levantamento gradual do confinamento um pouco por toda a Europa, a Comissão prevê que a economia da União só consiga compensar totalmente as perdas registadas este ano até ao final de 2021.
A situação vai fazer subir o desemprego na UE. Prevê-se um aumento do número de pessoas sem trabalho, que passará de 6,7 % em 2019 para 9% em 2020 - diminuindo depois para cerca de 8% no próximo ano.
A Comissão Europeia considera que a recuperação económica de cada Estado-membro dependerá não só da evolução da pandemia no país como também da estrutura da sua economia, bem como da sua capacidade de resposta por intermédio de políticas de estabilização.
Espanha e Itália entre os mais afetados
Espanha, Itália e Grécia deverão ser os três países mais afetados pela crise provocada pela Covid-19. Tal como Portugal, são Estados-membros muito dependentes do turismo, um dos setores mais castigado pelas restrições nas viagens e nas fronteiras.
Bruxelas calcula que Itália entre numa "recessão profunda" este ano, com o PIB a cair até aos 9,5% devido ao impacto da pandemia de Covid-19.
Bruxelas também prevê para este ano uma contração "sem precedentes" de 9,4% da economia espanhola e da economia grega de 9,7% - comparativamente, a média na UE será de 7,4%.
A França deverá contrair 8,2%, enquanto a Alemanha poderá apresentar uma quebra de 6,5%. Áustria, Dinamarca e Polónia serão os países onde a recessão terá um impacto menor.
A crise vai provocar desemprego em todos os Estados-membros. As previsões indicam que Espanha (18,9%), Grécia (19,9%) e Itália (11,8%) e França (10,1%) terminarão o ano com as taxas de desemprego mais elevadas. Alemanha, Luxemburgo, Áustria, Holanda e Luxemburgo são os que melhor deverão aguentar o impacto da crise no mercado de trabalho.
As medidas que os governos estão a tomar para acudir aos serviços de saúde, empresas e trabalhadores vão fazer disparar os défices e as dívidas públicas.
A Comissão aponta para um aumento do défice público agregado da área do euro e da UE, que deverá passar de apenas 0,6 % do PIB em 2019 para cerca de 8,5% este ano, antes de diminuir para aproximadamente 3,5% em 2021.
A dívida pública da Grécia deverá alcançar 196,4% do PIB. Já a dívida da Itália vai disparar de 134,8% para 158,9% do produto, e a da França e da Espanha para níveis superiores aos 115%.
O impacto distinto que a crise provoca em cada um dos “27” está no centro das divergências entre os líderes europeus quanto à dimensão e conteúdo do plano de reconstrução económica pós-pandemia e do futuro orçamento europeu, com os Estados-membros do sul a insistirem em soluções ambiciosas que reforcem a solidariedade europeia.