Uma subida significativa do preço do gás pode “diminuir a atividade económica”. O alerta é do Banco Central Europeu (BCE) sobre o impacto de uma escalada dos preços, perante um eventual racionamento do fornecimento à Europa.
O cenário é apresentado ao mesmo tempo em que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia continua elevada e ainda não se conhece uma resolução que evite um conflito armado.
Num artigo publicado esta terça-feira, o BCE nunca refere diretamente a dependência da União Europeia ao gás russo, mas avisa que se a torneira fechar os Estados-membros vão sentir.
De acordo com as contas apresentadas, só no setor empresarial um racionamento de gás de 10% pode reduzir o valor acrescentado bruto da zona euro em 0,7%.
Quanto maior a dependência do gás, maiores as perdas e há países que têm grande parte da produção alimentada a gás. Esta energia chega a ser usada na indústria de eletricidade, gás, vapor e ar condicionado e representa uma importante fatia da riqueza produzida.
Uma subida dos preços do gás natural de forma permanente, no início de 2021, pode retirar 0,2% ao crescimento da zona euro.
Preços já sobem
Desde o início de 2021 que o petróleo e o gás estão a ser comercializados mais caros, o que sugere "um impacto negativo significativo na atividade da zona euro em 2022", sobretudo no primeiro trimestre.
Tendo em conta os preços à vista e de futuros do petróleo e do gás na zona euro, os preços do gás natural deverão subir quase 600% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o primeiro trimestre de 2021.
Dada "a extraordinária magnitude" dos aumentos dos preços do gás, são estes e não os do petróleo que mais impacto estão a ter na economia. A produção na zona euro pode diminuir até 0,2% até ao final de 2022.
Depois dos produtos derivados de petróleo, o gás natural é a segunda fonte de energia primária mais importante na zona euro, é "a fonte de energia mais importante no setor transformador e mais de 90% do consumido é importado", segundo o BCE.
Enquanto os transportes usam sobretudo derivados do petróleo, a indústria, restantes serviços e famílias optam sobretudo pelo gás. Esta é também a principal fonte de produção de energia nos países do euro.