O ministro da Educação, João Costa, considera que os alunos estão a ser “prejudicados” pelas greves dos professores e apela ao bom-senso e à boa vontade negocial dos sindicatos.
João Costa, em entrevista à RTP no dia em que foram retomadas as negociações, mostra-se preocupado com a onda de greves nas escolas.
“Sei que tanto os professores, como os sindicatos, como o Ministério da Educação, como as famílias, todos temos esta preocupação partilhada com o bem-estar e com as aprendizagens dos alunos. Olho para o que está acontecer com preocupação e com esta vontade de ter a empatia e a colaboração dos sindicatos para, em processo negocial, podermos retomar a normalidade nas escolas”, afirma o ministro da Educação.
“Estes alunos estiveram dois anos com uma pandemia e este é o ano da recuperação. Nós temos muitos alunos que estão a recuperar aprendizagens, estavam a recuperar a bom ritmo. Se as aulas não estão a acontecer em muitas escolas, os alunos estão a ser prejudicados na recuperação”, sublinha.
O Governo está de boa-fé nas negociações, garante João Costa, que pede bom-senso aos sindicatos de professores. O processo de negociações está encaminhado, mas não vai ser possível chegar a acordo em relação a todas as reivindicações dos professores, adverte.
“Os sindicatos têm um caderno reivindicativo extenso, têm reivindicações antigas, têm algumas mais recentes e eu penso que o bom principio da negociação e de chegarmos a acordo é termos o entendimento de que há matérias em que já fizemos muito trabalho nos últimos sete anos, há matérias novas em que estamos a trabalhar e a priorizar.”
O ministro da Educação reforça que as duas principais prioridades, neste momento, são a questão dos professores deslocados para longe do local de residência e a precariedade no setor.
“A questão do ‘casa às costas’ e a questão da desprecarização são prioritárias para o Governo neste momento. Há outras matérias a que não vamos conseguir chegar, e outras em que vamos continuar a trabalhar e a negociar. Temos uma legislatura, temos muito tempo para trabalhar em conjunto e para estudar”, apela João Costa.
O governante referiu nesta entrevista à RTP que as negociações com os sindicatos decorrem num ambiente "amigável" e "construtivo", apesar da Fenprof e da FNE terem saído insatisfeitas das reuniões e classificado como “poucochinho” as propostas do Ministério da Educação.
O Governo propõe aos sindicatos de professores reduzir a dimensão geográfica das áreas em que os docentes são colocados. A ideia é que se passe de 10 quadros de zona pedagógica para 63. Em 95% dos casos terão distâncias máximas de 50 quilómetros.
O Ministério também vai vincular, no mínimo, mais de 10 mil professores e anunciou novas regras para a vinculação para diminuir a precariedade.