A assinatura de um acordo entre PS e PSD pode ser a solução para o fim dos protestos das forças de segurança, sugere a plataforma dos sindicatos da PSP e GNR.
Falando no final de um encontro dos sindicatos com jornalistas, Bruno Pereira argumentou que “temporariamente, o governo [deveria] assumir já o processamento de uma equiparação em termos de valor, ao que foi atribuído em termos de suplemento mensal à polícia judiciária”.
O líder sindical, e porta voz da plataforma sindical dos polícias, pede aos líderes de PS e PSD que se entendam, como forma de resolver o impasse atual, e que exista “um acordo e quase uma espécie de pacto, não diria de regime, porque de regime teria que ser mais alargado, mas com aqueles que poderão ser os futuros líderes dos governos que já assumiram, quer um quer outro que compreendem, que acompanham e que querem resolver [o problema]”.
A plataforma de sindicatos das forças de segurança reuniu esta terça-feira para delinear novas formas de luta e definir os passos a dar para reivindicar o suplemento de missão e condição policial.
Suspeitas de desvio de verbas em serviços gratificados da PSP
Confrontados com as buscas na divisão de segurança e transportes públicos, efetuadas esta terça-feira no âmbito de um processo que investiga suspeitas de desvio de verbas em serviços gratificados da PSP, Bruno Pereira garantiu que a “polícia está a fazer o seu trabalho e fará o seu trabalho com maior capacidade, competência e eficiência”, mesmo tratando-se de investigações que visam a própria instituição.
Forças de segurança não são impermeáveis à sociedade
O representante sindical, respondeu ainda a críticas que falam na ligação da extrema-direita ao protesto dos policias, afirmando que o movimento pode ser influenciado tanto pela extrema-direita como pela extrema-esquerda, como por qualquer “outro movimento com ideário associativo, clubístico ou de outra ordem que possa influenciar negativamente aquilo que é um protesto legítimo e justo”.
Bruno Pereira destaca ainda que todas as formas de extremismo são monitorizadas internamente pelos serviços da Polícia de Segurança Pública.
“Os movimentos radicais são acompanhados pelos sistemas de informações, mas também pelas equipas de informações da polícia de segurança pública, que terá exatamente o cuidado de ir acompanhando este fenómeno exatamente para perceber aquilo que possam ser dados possíveis de subversão ou de criminalidade, para conseguir reagir seja envolvendo polícia, seja pessoas de qualquer outro setor da sociedade”.
Ainda assim, o dirigente admite que “os polícias não estão impermeabilizados àquilo que possam ser influências da mundividência" e, portanto, é necessário "resistir exatamente àquilo que possam ser comportamentos inadmissíveis". No entanto, Bruno Pereira vê na apatia e passividade do Governo uma forma de "alimentar exatamente a influência e a capacidade de penetração destes movimentos inorgânicos não só nas polícias mas também noutros sectores da sociedade”.
Ministro da Administração Interna contribuiu para "ambiente tenso"
Em reposta às declarações que José Luís Carneiro proferiu durante o fim-de-semana, aludindo a uma possível ligação do movimento de protesto das forças de segurança à extrema-direita, a plataforma sindical declarou que “não caiu nada bem a colagem feita pelo senhor ministro da Administração Interna que eu diria um tanto quanto virulentas”.
Bruno Pereira acusou José Luís Carneiro de não se “sustentar em factos” ao “chamar aos polícias pessoas antidemocráticas ou comportamentos antidemocráticos, extremistas”.
“Então, mas onde é que decorre essa mesma ligação?”, questiona, admitindo que “depois, criam-se ideias completamente especulativas, que são erradas”.
O sindicalista argumenta não fazer sentido realizar “uma colagem a um caso que se passou há mais de 1 ano e meio, foi agora recentemente até apresentado pela inspeção geral da Administração Interna, tendo havido se eu não estou equivocado 13 casos que foram, entretanto, participados ao Ministério Público”.
Bruno Pereira admite que as palavras de José Luís Carneiro não foram prudentes e podem “constituir-se como um catalisador de incendiário para aquilo que já é um ambiente tenso”.
Assim, o sindicalista pede ao ministro que tenha “um cuidado maior naquilo que diz”.