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Em dezembro, o irmão Alois, nascido na Baviera e de nacionalidade francesa, irá abandonar as funções de prior da comunidade de Taizé e passará a responsabilidade a outro irmão. Dá o exemplo dos ucranianos, em plena guerra, que "encontram a esperança na oração em Cristo ressuscitado".
Em entrevista à Renascença, o irmão Alois reconhece como "terrível" os casos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja, alguns deles aconteceram em plena comunidade Taizé. É preciso "reconhecer" esses casos e "trabalhar muito em medidas de proteção" dos jovens.
Este ano vai deixar a liderança da comunidade de Taizé. Qual é a mensagem que quer deixar aos jovens?
Sim, é verdade. Vou transferir a minha responsabilidade como prior da Comunidade para outro irmão no final deste ano, em dezembro. Ainda vou participar nesta Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e fui convidado a participar também no Sínodo em Roma. Aqui quero agradecer aos jovens, em primeiro lugar, pela sua alegria num momento difícil para o mundo e um momento difícil para os jovens. Para eles, é cada vez mais difícil ver o seu próprio futuro, para realmente terem um projeto de vida. A vida torna-se mais difícil para os jovens, mas eles estão alegres aqui juntos, alegria que está enraizada na fé e quero encorajá-los a continuar neste caminho.
Uma JMJ não é muito diferente daquilo que é a comunidade de Taizé. Os princípios são muito semelhantes?
Sim. Queremos ir às fontes da fé, aprofundar a fé. É o objetivo dos nossos encontros em Taizé ao longo do ano. Não é apenas um encontro, mas a cada semana recebemos jovens de origens muito diferentes. Temos jovens não só da Igreja Católica, mas muitos vêm de igrejas protestantes, também de igrejas ortodoxas e podemos experimentar esta união que já nos é dada pelo batismo. Todos nós somos batizados em Cristo. Há uma certa unidade que já é dada com o batismo e isso é muito importante para os nossos encontros no Tizen.
Temos agora uma guerra na Europa, há muitos países envolvidos. Como é que se pode garantir aos jovens um futuro com mais esperança?
É difícil, às vezes, ver a esperança de uma maneira humana no dia a dia. Temos que enraizar novamente a nossa esperança, realmente, em Cristo ressuscitado. A ressurreição abre-se para nós como um horizonte de esperança, mesmo que existam muitas dificuldades no mundo e não saibamos como enfrentá-las. Em relação à guerra na Ucrânia, ninguém sabe como toda essa guerra terrível pode parar agora. Mas temos que manter o horizonte da ressurreição de Jesus. Fiquei muito impressionado quando visitei a Ucrânia no Natal e rezei lá com os jovens em Kiev e em Lviv. Eles encontram a esperança na oração em Cristo ressuscitado, mesmo que conheçam pessoas que já morreram na guerra, entre as suas famílias ou entre os seus conhecidos. Mas eles guardam essa esperança da ressurreição em Cristo. Os cristãos na Ucrânia também são um exemplo para nós, para não perdermos a esperança.
É uma mensagem que irá renovar numa futura ida a Kiev depois da sua saída da liderança de Taizé?
Sim, mantemos o vínculo com as pessoas na Ucrânia. Neste último ano um dos nossos irmãos visitou quatro vezes a Ucrânia para mostrar que queremos manter a comunhão com eles, que não os esquecemos. Porque antes da guerra e antes da pandemia tínhamos muitos ucranianos a ir a Taizé, vindos de diferentes igrejas. Agora não é possível, apenas alguns, mas algumas pessoas vêm da Ucrânia a Taizé, mesmo agora, neste momento. São principalmente mulheres jovens porque os homens não podem sair do país.
Esta JMJ acontece aqui em Lisboa num ano difícil para a Igreja em Portugal por causa dos casos de abuso sexual. Este é um desafio para a Igreja como um todo?