A renovada agitação social e política na Venezuela está a motivar um novo êxodo de portugueses e lusodescendentes para a Madeira. Assim confirma o presidente da Cáritas do Funchal à Renascença.
Sem falar em números, porque “não tem ideia”, Duarte Pacheco diz que se nota “nos últimos tempos um evoluir do número de pessoas que nos procuram” e acrescenta que "tem sido a postura da Igreja acolher essencialmente quem mais necessita".
Para o dirigente da Cáritas do Funchal, "se a situação política não se alterar, possivelmente essa situação [de retorno de portugueses e lusodescendentes] vai agravar-se".
Os números que existem neste momento apontam para 5 mil emigrantes que terão regressado à Madeira desde 2016.
A Cáritas do Funchal acompanha “cerca de 90 famílias que nos têm procurado", algumas delas que entretanto "já conseguiram autonomizar-se, porque alguns têm recursos próprios".
Outros, aponta Duarte Pacheco, "têm arranjado colocação de emprego". O que resta, aponta, "é a franja mais sensível, mais idosa, que está doente, e uma malta nova, porque existe um problema grande em relação a conseguir os certificados de habilitações e toda a documentação necessária para entrar no mercado de trabalho".
No que toca aos mais jovens, "estão a fazer formação, mas o problema também é que alguns não falam bem português", pelo que estão agora a aprender a língua.
Em relação aos portugueses que ainda estão na Venezuela, "passam muitas dificuldades". Duarte Pacheco recorda o depoimento da Irmã Maria José Gonçalves, presidente da Cáritas da Venezuela, em que “o apelo que ela fazia era em relação ao apoio em medicação, porque existe muita falta, nomeadamente para crianças e idosos”.