A Rússia baixou as expectativas sobre a reunião desta segunda-feira à tarde entre os Presidentes russo, Vladimir Putin e francês, Emmanuel Macron, dizendo não esperar grandes progressos por a situação ser "demasiado complexa".
"A situação é demasiado complexa para esperar avanços decisivos após apenas uma reunião", disse o porta-voz do Kremlin , Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
No seu encontro diário com a imprensa, Peskovafrmou que a Rússia espera que as conversações entre os dois líderes, marcadas para as 17h00 locais (14h00 em Lisboa), sejam "substantivas e prolongadas".
Segundo o porta-voz, as conversações "serão dominadas pela questão da tensão na Europa, ligada à situação em torno da Ucrânia, e pela questão das garantias de segurança para a Federação Russa".
Macron é "o chefe do Estado que preside à União Europeia, e isto é muito importante", disse Peskov, numa alusão ao facto de a França exercer atualmente a presidência rotativa do Conselho da UE.
O porta-voz do Kremlin acrescentou que Macron vai levar a Moscovo "certas ideias para encontrar possíveis formas de reduzir a tensão na Europa".
Segundo Paris, a visita de Macron à capital russa não resolverá o conflito por si só, mas poderá ser um ponto de partida para evitar a deterioração da situação atual, após o destacamento de mais de 100.000 tropas russas ao longo das fronteiras da Ucrânia.
Putin e Macron falaram ao telefone três vezes nas últimas duas semanas, tanto sobre a Ucrânia como sobre as garantias de segurança que a Rússia exige dos Estados Unidos e da NATO, incluindo a renúncia da Aliança à sua política de porta aberta.
O líder francês quer propor um "novo equilíbrio" para manter a paz e a segurança na Europa, especialmente para os vizinhos da Rússia, e também para responder às preocupações do Kremlin sobre a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Os EUA e a Aliança Atlântica rejeitaram categoricamente as exigências da Rússia em matéria de garantias de segurança, que incluem um compromisso juridicamente vinculativo de que nem a Ucrânia nem qualquer outra ex-república soviética serão alguma vez membros da NATO.
Moscovo tinha avisado que tomaria "medidas político-militares" se as suas preocupações sobre a abordagem da NATO às suas fronteiras não fossem tidas em conta, mas até agora não comentou a rejeição das suas exigências.
No final das conversações, está previsto que Putin e Macron participem numa conferência de imprensa conjunta.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir a Ucrânia novamente, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia, em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo que a NATO retire as suas tropas na Europa de Leste para posições anteriores a 1997.