O primeiro-ministro, António Costa, aceitou esta sexta-feira o pedido de demissão do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Numa declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Porto de Leixões, António Costa agradeceu "seis anos colaboração" no Governo e disse que "a justiça seguirá o seu caminho" no caso do acidente mortal na A6 com a viatura oficial de Eduardo Cabrita.
O primeiro-ministro anunciará "nos próximos dias" o sucessor de Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna.
António Costa diz que Eduardo Cabrita foi alvo de ataques políticos e refere que o despacho de acusação nada refere em relação ao ministro demissionário.
“Aquilo que determinou a demissão de Eduardo Cabrita foi ele ter aguardado ao longo destes meses o tempo da justiça e, tendo havido hoje a conclusão de uma fase importante que é a fase em que se conclui o inquérito e é deduzida a acusação, entendeu que devia cessar as suas funções. Agora, a justiça seguirá o seu caminho, apurando definitivamente, com o direito do contraditório, aquilo que houver a apurar, a sancionar ou não sancionar”, declarou o primeiro-ministro.
Questionado sobre o "timing" da demissão, na contagem decrescente para as eleições de 30 de janeiro, António Costa responde que Eduardo Cabrita tentou não perturbar as investigações em curso ao desastre na A6.
“O senhor ministro entendeu que estando a decorrer um inquérito sobre um acidente automóvel não deveria tomar nenhuma iniciativa que perturbasse o normal funcionamento das investigações, nem significasse a antecipação, a recusa ou afirmação de qualquer responsabilidade. A acusação nada diz sobre o senhor ministro, refere-se exclusivamente ao motorista que tem, como todos, o direito à presunção de inocência.”
Eduardo Cabrita anunciou nesta sexta-feira a demissão do cargo. O ministro da Administração sai na sequência do caso do acidente de viação na A6, em junho, que vitimou fatalmente um trabalhador.
No despacho conhecido nesta sexta-feira, horas antes do anúncio de Eduardo Cabrita, o Ministério Público acusa o motorista do ministro de homicídio pior negligência, dado que conduzia a 166 km/h, na via da esquerda, “em violação das regras de velocidade e circulação previstas no Código da Estrada e com inobservância das precauções exigidas pela prudência e cuidados impostos por aquelas regras de condução”.
Na reação ao despacho de acusação, Eduardo Cabrita começou por referir que era apenas o passageiro da viatura acidentada, mas horas mais tarde anunciava a saída do Governo.