A despesa das famílias portuguesas com a saúde voltou a aumentar, tendo atingido o seu máximo em 2021.
A despesa direta das famílias com cuidados de saúde ascendeu, assim, a quase 6,8 mil milhões de euros, registando um aumento de 906 milhões de euros em relação a 2020, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística, avançados na edição de hoje do jornal "Público".
Em 2020, o registo foi de quebra, por força do confinamento devido à pandemia de covid-19.
Também a despesa corrente em saúde ultrapassou os 23,6 mil milhões de
euros, devido a um "aumento dos gastos associados ao
combate à pandemia" e "a retoma da assistência nas áreas não covid-19".
Estes pagamentos diretos dizem respeito aos gastos das famílias com compra de medicamentos, com análises e exames não cobertos pelo apoio estatal, além de consultas e cirurgias no setor privado, cuidados de saúde oral, entre outros.
Apesar de o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ser público e
tendencialmente gratuito, Portugal continua assim a ser um dos países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em que a despesa com saúde paga do bolso das famílias é mais elevada.
O documento “Portugal: Perfil de saúde do país 2021" , elaborado pelo Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde em colaboração com a OCDE, refere que, em 2019, Portugal registava uma das percentagens mais altas de pagamentos diretos, representando 30% das despesas totais de saúde, o dobro da média da União Europeia.
De acordo com a publicação, também o relatório Health at a Glance 2021 da OCDE, que visa vários indicadores de saúde, assinala o crescimento da despesa direta das famílias portuguesas com a saúde. Segundo a OCDE, foi nos anos que se seguiram à crise financeira e económica que a parte da despesa com a saúde suportada diretamente pelas famílias registou o maior aumento em vários países europeus, nomeadamente seis pontos percentuais na Grécia, cinco em Portugal e três em Espanha.
Ainda segundo o relatório, em Portugal, o peso das despesas de saúde no total dos gastos das famílias chega aos 4,7%, sendo assim o quinto país com o valor mais alto neste indicador.