A economia portuguesa perdeu cerca de 99 mil empregos, em média, em 2020, face ao ano anterior, interrompendo o ciclo de aumentos iniciado em 2014. Um número que representa um deréscimo de 2% no emprego, em Portugal. A taxa de desemprego fixou-se nos 6,8%, abaixo das previsões do Governo.
O Executivo projetava uma subida neste indicador de 8,7%, estimativa mais otimista que a do Conselho das Finanças Públicas (10%), mas mais pessimista que a do Banco de Portugal (7,2%). O valor alcançado fica, por isso, abaixo de todas as previsões.
De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituo Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego foi de 7,1% no quarto trimestre, menos 0,7 pontos percentuais face ao trimestre anterior e mais 0,4 pontos percentuais face ao período homólogo.
A população desempregada, estimada em 373,2 mil pessoas, diminuiu 7,7% (30,9 mil) em relação ao trimestre anterior e aumentou 5,9% (20,8 mil) relativamente ao quarto trimestre de 2019.
Dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho já apontavam para uma duplicação dos despedimentos coletivos face a 2020. O número fixou-se nos 698 processos iniciados no ano passado, abrangendo um universo total de 8299 trabalhadores. Cerca de 5% acima dos processos iniciados 2014, último ano da troika em Portugal.
Importa referir que os trabalhadores em layoff são incluídos pelo INE na população empregada.
O aumento da população inativa, face a 2019, levou a uma diminuição da população sobre a qual é calculada a taxa de desemprego. Também esta variação pode ajudar a explicar os resultados menos negativos face às previsões e que contrastam com uma queda bastante mais acentuada do PIB, que diminuiu 7,6% de acordo com os dados preliminares do INE.
O Algarve regista o mair aumento na taxa de desemprego. Já o Alentejo e a Região Autónoma dos Açores apresentam um decréscimo face a 2019.
A maior variação anual no número de desempregados registou-se entre os jovens dos 25 aos 34 anos, com um aumento de 29%. São mais 20 mil desempregados, neste grupo etário, em 2020, face ao ano anterior.
Para a variação anual da população empregada contribuíram, principalmente, os decréscimos do emprego entre pessoas dos 35 aos 44 anos (52,6 mil; 4,1%) e portugueses com um nível de escolaridade máximo equivalente ao 3.º ciclo do ensino básico (170,6 mil; 8,0%).
Também os empregados no sector dos serviços (67,8 mil; 2,0%), sobretudo no conjunto das atividades de comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, de transportes e armazenagem e de alojamento, restauração e similares (73,5 mil; 5,9%) contribuíram para o balanço final negativo.
Relativamente aos três indicadores Europa 2020, Portugal só alcançou um objetivo. A taxa de abandono precoce de educação e formação fixou-se nos 8,9%, superando a meta estabelecida (10,6%).
Já a taxa de emprego dos 20 aos 64 anos e a taxa de escolaridade do ensino superior ficaram aquém da intenção. O primero indicador fixou-se nos 74,4%, abaixo dos 76,1% propostos, e o segundo atingiu os 39,6%, abaixo do mínimo de 40% que se pretendia.