Cerca de dois mil alunos não têm aulas a uma disciplina desde o início do ano
17-12-2024 - 07:45
 • Fátima Casanova , João Malheiro

Este primeiro período letivo está a ser marcado pela devolução de muitos computadores de alunos que não beneficiam da ação social escolar. São equipamentos que se juntam aos milhares que estão por arranjar.

Cerca de dois mil alunos não têm aulas a, pelo menos, uma disciplina desde o início do ano, segundo estimativa do movimento “Missão Escola Pública”.

À Renascença, a porta-voz, Cristina Mota, acrescenta que pelo menos 32 mil alunos já tiveram falta de pelo menos um professor, durante este ano. Ambos os dados são superiores aos que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, indicou no Parlamento.

Cristina Mota diz que a única medida com impacto para inverter o cenário de alunos sem aulas, é a do aumento do número de horas extraordinário feitas pelos professores. Outras, como o regresso de aposentados, o adiamento das reformas e a integração de bolseiros, mestres e doutorados "ficaram muito aquém".

Este primeiro período letivo está a ser marcado pela devolução de muitos computadores de alunos que não beneficiam da ação social escolar. São equipamentos que se juntam aos milhares que estão por arranjar.

"Encontram-se em arrecadações, empilhados, e não tem havido resposta. Ainda tivemos a surpresa da Internet não estar a ser cedida a alunos que não são subsidiados. Temos alunos a devolver os equipamentos, tendo em conta que não têm acesso à Internet", explica.

Também muitas escolas tardam em ser intervencionadas. Anunciadas no ano passado pelo anterior governo, as prometidas obras em 451 escolas tardam em arrancar, obrigando muitos alunos a recorrerem aos cobertores para não passarem frio na sala de aula.

"Temos escolas com vidros partidos, onde o frio consegue aceder de uma forma muito mais significativa, sem que tenha solucionado este problema. Está longe de estar resolvido. Não existe nenhuma escola que esteja a ligar os ares condicionados para fazer face ao frio. Têm esse recurso, mas não têm o recurso financeiro para fazer essa manutenção dos gastos associados", lamenta.