O presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio (PS), considerou esta sexta-feira que o aproveitamento do aeroporto da cidade mantém-se em aberto, apesar de a Comissão Técnica Independente (CTI) o afastar da análise final para a futura infraestrutura.
“Independentemente das decisões da CTI, o aeroporto de Beja mantém todas as possibilidades [de aproveitamento] que existiam e que estiveram na génese da construção da infraestrutura que atualmente existe”, afirmou o autarca alentejano.
O presidente do município falava à agência Lusa a propósito da exclusão do aeroporto de Beja da lista com as nove possíveis localizações para o novo aeroporto da região de Lisboa que passam às fases seguintes, anunciada pela CTI.
Vincando que esta comissão “pronuncia-se exclusivamente” sobre a escolha da localização do futuro aeroporto de Lisboa, Paulo Arsénio insistiu que, em relação às mais-valias de Beja, “nenhuma delas sai prejudicada ou eliminada” com esta decisão.
“Continuaremos competitivos na carga aérea, na manutenção aeronáutica e em voos complementares a Lisboa e a Faro, independentemente de não sermos o aeroporto de substituição do de Lisboa, a médio prazo”, sublinhou.
O autarca defendeu que o aeroporto de Beja “pode e vai constituir-se como solução para a economia nacional nestas valências”, mas salientou que, para isso, são necessários investimentos na ferrovia.
“Temos que continuar a insistir para que a rede ferroviária de Beja chegue ao porto de águas profundas de Sines para potenciar o negócio da carga e que haja também uma ligação, através de Ourique/Funcheira, ao Algarve, no imediato”, apontou.
Já no futuro, realçou o presidente do município, está prevista no Plano Ferroviário Nacional uma linha ferroviária direta entre Beja e Faro para que o aeroporto alentejano “possa crescer substancialmente em termos de passageiros”.
“Ninguém em Beja se deve sentir diminuído por esta decisão, porque o aeroporto mantém vivas e ativas todas as valências em que pode contribuir expressivamente para o desenvolvimento regional e nacional”, acrescentou.
Também em declarações à Lusa, Manuel Valadas, da comissão dinamizadora da Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja, esclareceu que este grupo de cidadãos nunca defendeu que o aeroporto alentejano era para substituir o de Lisboa.
“O aeroporto de Beja sai de uma situação onde nunca esteve, que era substituir o aeroporto de Lisboa”, assinalou.
Manuel Valadas lembrou que a plataforma quer que a infraestrutura seja “a solução para o sudoeste ibérico” e que funcione “em cooperação com a Extremadura e parte da Andaluzia [Espanha] e em complementaridade ao aeroporto de Faro”.
“Se não nos derem as acessibilidades, aí é que será uma derrota” para o aeroporto de Beja, apontou.
Já o porta-voz do movimento cívico Beja Merece +, Florival Baiôa, disse à Lusa que “não é chocante” o aeroporto alentejano não constar nas opções para a localização do novo aeroporto de Lisboa, admitindo que seja “um pouco desolador” para a região.
Florival Baiôa defendeu que Beja deveria estar ao serviço dos “transitários, manutenção e industrialização” e funcionar como “aeroporto de segurança” para receber aviões em horários noturnos que não possam aterrar “fora de horas” no aeroporto principal.
“Se nós conseguíssemos isso, era uma vitória fantástica”, acrescentou.
A CTI anunciou que passaram à próxima fase de avaliação nove opções estratégicas, já que às cinco propostas pelo Governo – Portela+Montijo; Montijo+Portela; Alcochete; Portela+Santarém; Santarém – se somam mais quatro: Portela+Alcochete, Portela+Pegões, Rio Frio+Poceirão e Pegões.