No segundo dia de campanha, o Bloco de Esquerda atirou-se à abertura do PS para negociar com o PAN. Nas duas ações que teve, primeiro em Miranda do Douro e depois em Viseu, o partido voltou a insistir que que o melhor caminho não é uma maioria socialista, nem as suas nuances. "O país não precisa nem de maiorias absolutas, nem de maiorias absolutas com o PAN. Muito menos navegação à vista".
Já em Viseu, foi o líder parlamentar do Bloco que criticou aquilo que considera ser a falta de critério do PS. “António Costa diz, bem se não pode ser maioria absoluta, pode ser uma maioriazinha com o PAN?”.
Pedro Filipe Soares prosseguiu, “afinal a grande proposta do Partido Socialista é um governo que tanto faz? Que tanto é carne ou peixe? Ou neste caso, tanto é seitan como tofu?”, numa alusão à abertura de António Costa a negociar com o PAN.
O “bloco central” também foi tema. Catarina Martins acredita que um voto no BE, pode impedir uma coligação entre os dois maiores partidos. "O Bloco de Esquerda é a força que se levanta contra as portas giratórias do Bloco Central, que têm vindo a alimentar uma economia de privilégio", referindo-se também aos cerca de 18 governantes que exerceram cargos na EDP e no governo.
De manhã, o partido esteve em Miranda do Douro, e o destaque foi a Barragem de Miranda, uma das seis que foi vendida pela EDP à Engie. O Bloco de Esquerda volta a insistir no pagamento de selo por parte da elétrica, no valor 110 milhões de euros.
"Aqui produz-se boa parte da energia que o país consome, mas quem aqui vive não vê um tostão da riqueza que aqui é produzida", defende Catarina Martins. Esse valor, que o partido defende que deve ser pago pela EDP, reverteria para o desenvolvimento da região.
À tarde, o Bloco de Esquerda fez um comício em Viseu. Com um auditório cheio, os cabeças de lista por Guarda, Bragança, Vila Real, Castelo Branco e Viseu fizeram discursos aplaudidos, todos sublinharam algo em comum: a desvalorização do interior em Portugal.
Para não destoar, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar, fez o mesmo quando chegou ao púlpito. “Nós não estamos cá só de quatro em quatro anos”.
Catarina Martins, que discursou depois, acusou os maiores partidos de se quererem juntar para segurar o poder. “Não é por acaso que aparece uma normalização do bloco central, para voltarmos a uma alternância sem alternativa”.
Num dia em que um dos principais alvos foram os grandes grupos económicos, a líder do Bloco de Esquerda acredita que com a maioria do PS, o caminho para a corrupção fica mais fácil. “Tanto do que foi feito deste assalto à economia, foi feito com maiorias absolutas, e foi feito com governos de PS e PSD”, atira Catarina Martins.
A terminar o dia, a líder partidária voltou a lembrar que o Bloco de Esquerda quer ser a terceira força política, para com isso, impedir a maioria absoluta, derrotar a direita e “pôr a extrema-direita no seu lugar”.