O bispo da Guarda alertou este domingo para o tempo de “renovação” e os “comportamentos instalados que precisam de mudar”, num ano em que se cantou o “aleluia da Páscoa” “em circunstâncias muito especiais”.
“Há vários comportamentos instalados que precisam de mudar, os quais, infelizmente por força das circunstâncias, já estão a ser identificados e denunciados. É o caso do consumo sem limites a que muitas pessoas estavam habituadas e continuava a ser incentivado. E, mais ainda, era a convicção de que tudo se resolve com dinheiro e bens materiais”, disse D. Manuel Felício na homilia de Páscoa.
Na Sé da Guarda, o seu bispo alertou para o “comportamento desregrado dos mercados financeiros” que têm conduzido um crescente número de pessoas “à marginalidade e estão a provar que não ajudam a economia real” de todos os países, pelo menos de todos.
“E, pior ainda, é que esta mentalidade dominante tem-se transformado numa espécie de pecado social, que, como tal, anestesia as pessoas, enquanto lhes vai dando a sensação de que estão a ser premiadas quer com resultados económicos e materiais quer com mais importância social”, desenvolve.
D. Manuel Felício disse também que é necessária uma “renovação” e que esta tem de “começar por casa, logicamente”, por isso, em primeiro lugar está a “conversão pessoal”, uma mudança de mentalidade sobre muita coisa, “a começar pela utilização dos bens materiais necessários à subsistência”.
“Estamos, nestes dias de pandemia, a ser especialmente interpelados para o valor da partilha, assim como para a superação de muitos egoísmos que tomam conta de nós, sob as mais variadas formas”, acrescentou, realçando também que “é mais forte o apelo” a estar atento aos outros, “nestes tempos de muito sofrimento e alguma angústia”.
“Estamos especialmente gratos a quantos, profissionais de saúde e outros, como os cuidadores dos nossos idosos arriscam a saúde e até a vida para cuidar dos que mais precisam”, destacou.
O bispo da Guarda começou a homilia a assinalar que se cantou “o aleluia da Páscoa, este ano, em circunstâncias muito especiais” e que a obrigação de ficar em casa e evitar contactos “impede de visitar lugares e pessoas”.
“Todavia, no meio de todas estas condicionantes, contratempos e limitações, continuamos confortados e animados com a única certeza que dá sentido à festa da Páscoa e é esta: Cristo Ressuscitou verdadeiramente, aleluia”, desenvolveu.
D. Manuel Felício referiu que, como Igreja, também sentiram “falta de muitas manifestações tradicionais da alegria pascal”, apesar dos sinos tocarem a assinalar o acontecimento e a cruz florida nas casas “poder igualmente marcar a diferença deste dia que o Senhor fez”.