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O constitucionalista Jorge Miranda, um dos membros originais da Assembleia Constituinte de 1975, considera que a obrigatoriedade de instalação da aplicação StayAway Covid fere os princípios da igualdade e dos direitos pessoais, e por isso corre um “grave risco” de ser inconstitucional.
Em declarações à Renascença Jorge Miranda mostra-se assim cético em relação à proposta do Governo de tornar obrigatória a instalação da aplicação.
“Fere o princípio da igualdade, porque nem toda a gente tem telemóveis, ou telemóveis adaptados a isso”, começa por dizer Jorge Miranda.
“Mas principalmente põe em causa os direitos pessoais, os dados pessoais, a intimidade das pessoas. Portanto acho que há um grave risco de inconstitucionalidade”, conclui.
O constitucionalista revê, assim, a posição que assumiu ainda esta quinta-feira quando disse que, apesar de ainda não ter estudado a questão a fundo, “em princípio” não encontrava qualquer obstáculo constitucional à proposta.
Jorge Miranda junta-se assim a outras importantes figuras como o Presidente da República e o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, que já expressaram dúvidas sobre a constitucionalidade da lei que o Governo quer aprovar.
O Governo manifestou já a sua vontade de tornar obrigatória a instalação da aplicação que permite rastrear a doença, apesar de haver muitas críticas quanto à constitucionalidade da medida.
A proposta de lei do Governo, que prevê multas até aos 500 euros para quem não cumpre, será discutida no Parlamento no dia 23 de outubro.