Os alunos de famílias carenciadas, que moram no norte e no centro do país, são os que têm melhor desempenho escolar.
É a conclusão do mais recente estudo "Da Desigualdade Social à Desigualdade Escolar nos Municípios de Portugal", feito em parceria com a Nova School of Business and Economics (NOVA SBE), do EDULOG, da Fundação Belmiro de Azevedo, a que a Renascença teve acesso.
Luís Catela Nunes, coordenador do estudo, revela à Renascença que “as zonas a sul do Rio Tejo, incluindo a área metropolitana de Lisboa, com nível socioeconómico mais baixo, têm resultados piores em vários indicadores, desde notas de exames e provas escolar, em comparação com os alunos parecidos em termos de nível socioecónomico na região norte e centro”.
O trabalho de investigação indica também que alunos com estatuto socioeconómico semelhante têm desempenhos muito diferentes dependendo do município onde residem.
“Há regiões onde uma grande percentagem dos alunos tem notas negativas, por exemplo no Alentejo. São regiões onde menos de 10% dos alunos consegue ter positivas e há regiões e municípios no norte do país em que 80% dos alunos tem resultados positivos”, diz Luís Catela Nunes.
Mas qual é a explicação para disparidade entre municípios? O estudo indica que um dos fatores pode estar nas perspetivas de futuro, nomeadamente em conseguir um emprego.
“Um dos fatores que se encontra no estudo é a empregabilidade dos mais jovens ou a existência de um setor secundário mais forte que garanta algumas perspetivas de emprego para os mais jovens”, explica à Renascença o coordenador do estudo.
Face aos resultados do estudo, o investigador defende que é preciso repensar as políticas educativas em função das realidades locais.
“Há algumas regiões em que as políticas não estão a conseguir resolver os problemas de atraso nas aprendizagens”, diz Luís Catela Nunes.
Um exemplo disso é o que acontece nos territórios educativos de intervenção prioritária, conhecidos como TEIP, que nem sempre atingem aquilo a que se propõem.