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Ana Matos Pires, coordenadora regional de saúde mental do Alentejo e assessora para a saúde mental da Direção-Geral da Saúde (DGS), alerta para o perigo da criação de linhas de apoio psiquiátrico, durante a pandemia do novo coronavírus, sem regra nem cuidado de integração no fluxograma existente do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em entrevista à Renascença, no programa As Três da Manhã, esta quarta-feira, a psiquiatra elogiou a iniciativa de quem quer "ajudar de alguma maneira" quem precisa, porém, pediu "atenção para a criação de linhas de uma maneira desorganizada". Também porque a DGS e o SNS estão a "tentar evitar, tanto quanto possível, a ida presencial à urgência".
"É muito importante que surjam respostas de apoio psicológico e quanto mais próximas da comunidade estiverem, melhor. Agora, tem de haver articulação destas estratégias. As linhas são muito importantes, mas tem de haver uma interligação. O SNS tem uma resposta na área da saúde mental, que está, de resto, plasmada em legislação. Os serviços locais de saúde mental estão organizados, juntamente com os cuidados de saúde primários, para dar resposta a esta crise. O que peço é que todas as pessoas e instituições que queiram iniciar uma linha de apoio psicológico interliguem-se para tentarmos arranjar um fluxograma que não implique as idas às urgências", alertou.
Ana Matos Pires também avisou para os "riscos de pessoas não treinadas ou com más intenções iniciarem este tipo de resposta". "As linhas são importantes, mas tem de haver uma interligação", rematou.
Em Portugal, segundo o último balanço feito pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera, e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00h00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira passada na Assembleia da República.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil. Cerca de 300 mil recuperaram da doença.