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Queixamo-nos, muitas vezes, da forma como os nossos movimentos são controlados, pela internet, em plataformas como a Google Maps. Mas a verdade é que esses dados estatísticos, disponíveis na rede, nos permitem perceber melhor o grau de isolamento dos portugueses, distrito a distrito, desde 12 de março, quando soaram os alarmes mais fortes para os riscos da pandemia de Covid-19 em Portugal.
Em entrevista à Renascença, José Alberto Rio Fernandes, presidente da Associação Portuguesa de Geografia e especialista em mobilidade, analisa o comportamento dos portugueses até ao dia 29 de março (os últimos dados consultados pela Renascença) com base nessas imagens.
“O que é evidente é o decréscimo abrupto entre os dias 12 e 15 de março, que corresponde ao alarme social associado à Covid-19 e em que há claramente um confinamento das pessoas”, começa por explicar. E acrescenta: “A queda anda acima dos 50%. Mesmo para efeito de trabalho – embora muitos continuem a trabalhar, sobretudo profissionais ligados à saúde ou ligados à alimentação. Mas é, mesmo assim, sempre superior a 50%. Portanto, estamos a falar de uma queda enorme na mobilidade das pessoas – que, de facto, se vão confinar nas residências”.
A conclusão é a de que os portugueses estão a ser cumpridores. Mas há distritos onde são mais cumpridores do que noutros.
“Sim, é verdade. Embora a principal conclusão é verificar que as variações não são muito significativas. Ou seja, há uma boa resposta às orientações que são emitidas a partir do Governo e a partir da Direção-Geral da Saúde – que são genéricas, são nacionais. Aquilo que nós verificamos é que há comportamentos particularmente fortes, ou seja, uma presença particularmente significativa dentro das residências nalguns distritos, como é o caso de Vila Real, Castelo Branco, Évora ou Guarda. Na Madeira também”, explica José Alberto Rio Fernandes.
Segundo o especialista em mobilidade, Lisboa e Porto “acompanham igualmente muito de perto a média”.
“Os únicos distritos onde este aumento não é superior a 20% e, portanto, poderá contar para uma menor presença em casa, é o distrito de Bragança e a situação do arquipélago dos Açores”, lembra. A explicação? “Claro que isso terá que ser afinado, estes motivos. Mas podem, por exemplo, até ter a ver com a possibilidade de um trabalho na agricultura, na proximidade da casa, e portanto não aparece associada imediatamente à residência – mas pode estar no campo, ao lado da casa”, acrescenta José Alberto Rio Fernandes.
O presidente da Associação Portuguesa de Geografia lembra também que é possível perceber onde é que os portugueses vão quando saem de casa em maior número.
“É possível perceber que claramente não vão a centros comerciais, restaurantes e museus: aí a quebra é de 83%. Não vão a parques urbanos, não vão a estações de caminhos de ferro, onde a queda é de 78%. Portanto, onde as quedas são menores é para alimentação e farmácia. E trabalho. Em lugares de trabalho a queda é de 53%”, explica.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil. Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
Os números da Covid-19 em Portugal: