Milhares de pessoas saíram às ruas da capital de Myanmar (antiga Birmânia), este sábado, para saudar a primeira-ministra que passou os últimos dias em Haia a defender o seu país de acusações de genocídio no Tribunal Penal Internacional.
Aung Suu Kyi fez questão de marcar pessoalmente presença no Tribunal onde negou que as forças armadas birmanesas tenham massacrado intencionalmente milhares de membros da comunidade rohingya, no Estado de Rakhine. Perante os juízes disse que a situação naquele Estado era muito complexa e que poderá ter havido excessos, mas que não houve uma campanha orquestrada para perseguir os membros daquela minoria étnica.
A acusação foi feita pela Gâmbia, um estado africano que disse ser sua obrigação, à luz do direito internacional, colocar um processo contra Myanmar por causa deste assunto, sublinhando que 730 mil rohingyas, que são muçulmanos num país de esmagadora maioria budista, tiveram de fugir para o Bangladesh.
Enquanto o seu carro passava nas ruas da capital Naypyitaw Aung Suu Kiy acenou à multidão que gritava o seu nome.
“A Mãe Suu foi ao tribunal em nome do país”, disse o agricultor Khin Maung Shwe, em declarações à Reuters, clarificando depois que “de facto a acusação é contra o exército, mas ela assumiu a responsabilidade, enquanto líder da nação.”
A presença da líder no Tribunal Penal Internacional, a responder por acusações de genocídio, é particularmente irónica, tendo em conta que Aung Suu Kiy é prémio Nobel da Paz. O facto não tem passado despercebido, com muitos críticos a pedir que o Comité Nobel lhe retire a distinção.
Essas críticas não chegam, porém, a Myanmar, onde a atitude de Suu Kiy lhe tem dado um estatuto de heroína nacional.