Houve desde 60 novas violações do cessar-fogo entre a Ucrânia e as províncias separatistas na quinta-feira. O alerta feito esta manhã pelo Ministério da Defesa ucraniano, que acrescenta que "dois civis ficaram feridos no bombardeamento das forças de ocupação russas".
Na quinta-feira, o "bombardeamento inimigo danificou um jardim de infância, cabos de eletricidade, um gasoduto e destruiu duas casas particulares na vila de Lugansk".
Em serviço especial para a Renascença, a jornalista da SIC Irina Shev diz que "é quase do senso comum que a Rússia está a procurar a provocação para culpar os ucranianos e arranjar pretexto para invadir a Ucrânia". Prova disso, estes ataques dos separatistas apoiados pela Rússia contra território ucraniano, que ocorreram "ao longo de toda a linha de fronteira".
Ataques que estão a ser encarados com grande preocupação. "Durante imenso tempo, a guerra esteve mais ou menos congelada, mesmo com violações diárias dos acordos de Minsk. Mas não nesta quantidade absurda", sublinha a jornalista portuguesa, que nasceu na Ucrânia.
Quanto a quem reside naquelas províncias separatistas, de Donbass e Lugansk, Irina Shev acredita que há muito que não estavam preparadas para este tipo de situações.
"Muitos continuaram a viver com sacos de areia nas janelas, porque ficaram assustadas com os ataques anteriores. Mas a maior parte da população já estava a levar uma vida mais ou menos normal, porque a guerra realizava-se só nas trincheiras entre os dois lados. Agora, tudo piora um pouco e há até quem diga que vai ter de fugir daquelas zonas".
Ainda que, como admite, seja difícil falar com as pessoas que se encontram do lado de lá. "As pessoas têm realmente medo de falar, porque muitos têm famílias do três lados: do lado separatista, do lado russo e do lado controlado por Kiev. E sempre ouviram histórias de que na altura da União Soviética quem falava demasiado sobre determinados assuntos sofria muito com isso".
Cenário completamente oposto foi o que testemunhou em Kiev, onde "em geral, não se nota qualquer tipo de pânico. Todos levam as suas vidas da forma mais normal possível. Trabalham de segunda a sexta, saem à noite ao fim de semana, vão para os bares, restaurantes e discotecas. Está sempre tudo cheio".
Por isso, não hesita em dizer que se alguém chegasse a Kiev sem saber o que está a acontecer, "nunca na vida iria achar que se passa alguma coisa. Porque não se percebe".