Há vários anos que a Entidade Regional de Turismo do Centro (RTC) aposta na valorização do turismo português, com a realização do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”.
A oitava edição vai decorrer em Tomar, de 6 a 9 de junho. “A Era-pós-Covid e o Turismo: Olhos Postos no Futuro” é o tema do encontro.
Em conferência de imprensa, esta quarta-feira, o presidente da RTC, Pedro Machado, definiu claramente o objetivo: tornar o Centro na primeira escolha dos portugueses como destino turístico, numa altura em que há sinais claros de retoma, evidenciados na Páscoa.
Os portugueses redescobriram o país nos últimos dois anos e há quem se mantenha fiel na escolha para os seus tempos livres.
Em geral, ainda não se atingiram os níveis de procura e receitas conseguidos em 2019 – o melhor ano para o turismo português – mas as expetativas são boas.
Na Páscoa a procura foi grande e Pedro machado, na apresentação do Fórum de Turismo Interno, revelou que nalgumas zonas da região Centro, a procura até ultrapassou os resultados de 2019.
Deu o exemplo de Fátima, um dos pontos mais atingidos pela pandemia, em que várias unidades hoteleiras esgotaram a sua ocupação.
Os bons resultados não foram apenas conseguidos com os portugueses: os espanhóis, eslovenos, americanos, canadianos também contribuíram em larga escala. O presidente da Entidade Regional do Centro não tem dúvidas que as estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativas a março e abril o vão confirmar.
Para Pedro Machado, “estão criadas as condições para a retoma do crescimento do turismo em Portugal”, considerando até que “a conjuntura internacional, com a guerra na Ucrânia, poderá vir a beneficiar Portugal como destino”.
Falta de recursos humanos: um “elefante na sala”
As expetativas em relação à chegada de turistas são boas, embora permaneça o problema da falta de recursos humanos. Com a pandemia, que teve um impacto enorme no setor do turismo, dezenas de milhares de pessoas procuraram outros empregos e outras profissões.
Jorge Loureiro, vogal da comissão executiva da RTC, além de dirigente da AHRESP e hoteleiro, frisa que a falta de pessoal “já é notória uma altura em que ainda não se atingiram os níveis desejados de retoma”.
“É um elefante na sala que ninguém sabe como de lá tirar”, desabafa, ao mesmo tempo que confessa que “estamos em pânico com o serviço que vamos prestar”.
Por isso, volta a insistir para que Governo agilize os procedimentos, para facilitar a imigração, nomeadamente dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
O facto a língua ser a mesma poderia acelerar a integração de quem chega. O empresário questiona mesmo porque é que não se replica para este sector do turismo, hotelaria e restauração, o modelo adotado para o acolhimento de ucranianos.
Jorge Loureiro admite que, posteriormente, será necessária fazer alguma adaptação e formação e manifesta-se preocupado por atualmente, nem sequer haver hipótese de escolha de trabalhadores mais qualificados. “Hoje o problema não é de escolha mas, sim, se as há”, acrescenta.
“Vê Portugal”: as lições a tirar do passado para o futuro
Pedro Machado definiu três objetivos para o Fórum “Vê Portugal”, que este ano se realiza em Tomar, de 6 a 9 de junho: ser um marco na retoma do turismo nacional; promover a reflexão sobre temas da atualidade pós-Covid, como a reestruturação de marcas e a falta de pessoal.
Por outro lado, o evento pretende discutir também algumas questões importantes para as entidades regionais de turismo, como a possibilidade de virem a integrar as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
Para Pedro Machado, “seria mau se tal acontecesse”, já que as entidades regionais de turismo são organismos “verdadeiramente descentralizados, com dirigentes eleitos e voltar às CCDR, que têm tutela do Estado, seria centralizar o que já está descentralizado, o que seria pouco coerente”.
O responsável máximo da ERT do Centro frisou ainda que o encontro de Tomar vai abordar também a mitigação do impacto das alterações climáticas, a sustentabilidade, a eficiência energética ou como reduzir as assimetrias regionais, promovendo a coesão territorial.