O ministro da Administração Interna não se demite por causa do acidente em que se viu envolvido, e que resultou na morte de um trabalhador na A6, há duas semanas.
Eduardo Cabrita falou do assunto publicamente pela primeira vez, esta sexta-feira, e pediu que não se faça aproveitamento político deste caso, deixando que a investigação decorra com a celeridade possível.
Falando durante alguns minutos com a imprensa, à margem da cerimónia dos 154 anos da PSP, Eduardo Cabrita mostrou-se emocionado com a morte do trabalhador e disse que o seu Ministério já tinha manifestado condolências à família da vítima, através do seu chefe de gabinete.
"As minhas primeiras palavras são reafirmar o que logo na altura tomei a iniciativa de fazer. Manifestar as condolências relativamente ao trabalhador que foi mortalmente vítima deste acidente rodoviário e transmitir solidariedade, que aliás no próprio dia, por via telefónica, foi prestada pela minha chefe de gabinete à senhora Marta Azinhaga, sua mulher, e às suas filhas", frisou.
O ministro pediu que a situação não seja aproveitada para fazer política. "Aquilo que não desejo a ninguém é ver-se envolvido, mesmo que na qualidade de passageiro, numa situação tão dramática como esta. E por isso gostaria de fazer um apelo, sem qualquer referência específica, que confiássemos naqueles a quem cabe apurar os factos e não transformássemos algo que é um momento triste, um momento semelhante ao qual nunca tinha passado, e que não desejo a ninguém num quadro de confrontação política", disse.
Questionado sobre se sente que tem condições para continuar no Governo, o ministro passou a bola para António Costa. "Essa é uma matéria que é da estrita responsabilidade do primeiro-ministro. Eu tenho quatro anos de exercício, que corresponderam aos quatro anos de melhores indicadores de segurança em Portugal", referiu.
Eduardo Cabrita avançou que, no quadro das intervenções de poderes públicos e das funções próprias do Instituto de Segurança Social, foram dadas indicações para serem realizados os contactos que permitissem agilizar os mecanismos legais de apoio previstos para estas circunstâncias.
O ministro sublinhou que, no âmbito das responsabilidades, vão ser "tão celeremente quanto possível definidas as componentes indemnizatórias devidas" e recordou que "foi de imediato feita a devida e adequada participação dos factos".
"Como sempre sucede em acidentes rodoviários, em que haja uma vítima mortal, foi aberto o devido inquérito pelo Ministério Público, através do MP de Évora, que certamente apurará todas as circunstâncias que envolveram este acidente", disse, acrescentando que o MAI, as pessoas que estiveram no local e as forças de segurança estão a prestar "toda a colaboração necessária" para "o apuramento total" do que ocorreu.
Cabrita apelou ainda para que se confiasse "naqueles a quem cabe apurar os factos".
O CDS-PP, PSD, PAN e Chega têm exigido esclarecimento ao ministro sobre o acidente em que esteve envolvido o carro em que seguia.
Eduardo Cabrita recusou-se a responder a perguntas específicas sobre o acidente, tal como sobre a velocidade a que seguia o veículo.
O ministro disse que falou esta sexta-feira sobre o acidente porque "foi a primeira cerimónia de dimensão nacional" em que participou desde 18 de junho, justificando o silêncio porque foi o Ministério da Administração Interna "a dar a devida nota do infeliz acidente", por ter sido aberto um inquérito pelo Ministério Público (MP), que está em segredo de justiça, e por ser uma matéria "objeto de averiguação" de apuramento das "circunstâncias e responsabilidade".
O governante considerou que, no âmbito do apuramento dos factos, "não existe nenhum cidadão, nem nenhuma entidade, que esteja acima daquilo que é o quadro legal aplicável", acrescentando que se trata de "uma circunstância terrível" e que não deseja a ninguém passar "por algo similar".
[Notícia atualizada às 21h09]