"Não é totalmente positiva": sargentos lamentam não terem sido ouvidos pelo Governo
26-07-2024 - 14:31
 • Renascença

Associação Nacional de Sargentos garante que nunca foi ouvida pelo executivo e lamenta desigualdades nos suplementos entre os vários militares.

A Associação Nacional de Sargentos diz que não está "totalmente satisfeita" depois dos anúncios do governo que, na tarde desta sexta-feira, anunciou aumentos no suplemento de missão dos militares portugueses.

Em declarações à Renascença, António Lima Coelho, presidente da associação, afirma que está "profundamente incomodado" por nunca ter sido ouvido por este governo, e diz que o ministro da Defesa, Nuno Melo, "sabe que não é verdade" que a organização que representa os Sargentos tenha sido recebida pelo executivo.

Sobre o reforço do suplemento, que pretende equiparar os militares portugueses às forças de segurança, que foram também alvo de melhorias nas condições salariais, António Lima Coelho diz que "vamos continuar a ter militares de primeira e de segunda".

A Associação Nacional de Sargentos vinca que "a forma como isto [o aumento] foi transmitido não é totalmente positiva porque vamos continuar a ter militares que recebem mais de suplemente do que outros recebem de vencimento".

Oficiais das Forças Armadas: medida positiva, mas não resolve problemas de fundo

Por sua vez, a Associação de Oficiais das Forças Armadas considera que as medidas, anunciadas esta sexta-feira, são "positivas" mas não conseguem resolver nenhum problema estrutural das Forças Armadas.

Também à Renascença, o comandante Carlos Marques diz que não partilha a alegria do ministro da Defesa, que deu voz às medidas anunciadas.

"É um passo positivo, não negamos. Mas a felicidade do anúncio não é propriamente sentida pelos Oficiais, e seguramente pela generalidade dos militares", defendeu o presidente do Conselho Nacional da Associação de Oficiais das Forças Armadas.

Os Oficiais das Forças Armadas consideram que estes aumentos não vão resolver a falta de recursos humanos, nem o abandono de muitos militares desta carreira.

"Não vão servir, quase de certeza, para melhorar o recrutamento. E nenhuma delas vai garantir a retenção dos militares nas Forças Armadas", defende o comandante Carlos Marques.

E tal como a Associação Nacional de Sargentos, também os Oficiais das Forças Armadas criticam a falta de diálogo por parte do Ministro da Defesa,Nuno Melo, de quem não compreendem a atitude: "Consideramos altamente discriminatório, não faz sentido. Podia haver uma razão, mas nós não a encontramos", resume.

O comandante Carlos Marques garante que não quer tirar protagonismo ao ministro da Defesa, pede uma mudança de atitude daqui para a frente.