Chama-se "À Vista de Todos", mas o relatório divulgado, esta quinta-feira, pela Médicos Sem Fronteiras recolheu testemunhos que denunciam casos de violação dos direitos humanos - longe de quase todos os olhares - de um numero indeterminado de migrantes, antes e depois de chegarem a solo grego.
Segundo o documento, alguns dos pacientes acompanhados pela Médicos Sem Fronteiras garantem ter sido espancados, ainda em pleno mar, já nas proximidades de Lesbos ou de Samos.
Os alegados agressores seriam "indivíduos uniformizados e homens mascarados, sem identificação".
De acordo com o relato feito à MSF por Elisabeth [nome fictício], alguns desses migrantes terão sido algemados à chegada a terra e arrastados pelo chão, incluindo uma mulher grávida.
"Arrastaram-na pelo chão. Amarraram-nas assim [colocando os pulsos juntos à frente do corpo], amarraram também a mulher grávida. Até pisaram a barriga de outra senhora, espancando-a", lê-se no testemunho.
"A maioria destas pessoas fugiu de países com alta prevalência de violência e perseguição. Muitos sobreviveram a jornadas horríveis, incluindo ferimentos de guerra, violência sexual e tráfico. Para estas pessoas já vulneráveis, a violência ou maus-tratos na fronteira agravam ainda mais as consequências médicas e psicológicas das suas experiências horríveis", pode ler-se também neste documento.
O Relatório "À Vista de Todos" apela ao governo de Atenas, e aos líderes europeus, para que adotem "medidas imediatas" que garantam um tratamento digno e humano a estes migrantes, que procuram proteção no velho continente.
Defende, igualmente, a "Criação de um sistema de monitorização independente nas ilhas do mar Egeu, e um reforço das operações de busca e salvamento no mar".