O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) considera que o novo recorde atingido em novembro para a avaliação bancária pode ser benéfico para a economia, mas pode ser desfavorável para a classe mais desprotegida.
Esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a avaliação bancária de casas com pedidos de empréstimo para compra aumentou 29 euros em novembro, para 1.449 euros por metro quadrado (m/2), o valor mais alto desde 2011.
Em declarações à Renascença, Paulo Caiado considera que este novo máximo “é mau”, no caso de vir a “provocar exclusão habitacional para pessoas mais carenciadas que precisam de aceder a uma habitação condigna e que podem ter cada vez mais necessidade em a ela aceder”.
A confirmar-se este cenário, o presidente da APEMIPP afirma que “cabe ao Governo e às autarquias encontrar medidas e implementar programas que não provoquem nenhuma espécie de exclusão”.
Segundo o inquérito de novembro do INE divulgado esta quarta-feira, o valor mediano de avaliação bancária do mesmo metro quadrado, em junho deste ano, era de 1.407 euros e em janeiro de 1.292 euros.
Para o responsável da APEMIPP, a situação traz também aspetos positivos, nomeadamente para a economia.
“É bom para a nossa economia, porque a valoriza. São os ativos que se estão a valorizar”, refere Paulo Caiado, que não antecipa alterações no mercado imobiliário em 2023, ano em que a oferta manter-se-á escassa.
De acordo com o INE, o maior aumento em novembro, face ao mês anterior, registou-se no Centro (2,3%) e a única descida verificou-se na Região Autónoma dos Açores (-0,6%).
Em comparação com novembro de 2021, o valor mediano das avaliações cresceu 13,9%, registando-se a variação mais intensa no Algarve (17,6%) e a menor no Norte (11,7%).
Nos apartamentos, em novembro, o valor mediano de avaliação bancária de apartamentos foi 1.610 euros/m2, tendo aumentado 14,9% relativamente a novembro de 2021, com os valores mais elevados no Algarve (1.993 euros/m2) e na Área Metropolitana de Lisboa (1.917 euros/m2), e o valor mais baixo no Alentejo (1.041 euros/m2). A Região Autónoma dos Açores teve o maior crescimento homólogo (21,6%) e o Norte o menor (12,5%).
Já nas moradias, o valor mediano da avaliação bancária foi de 1.148 euros/m2 em novembro, mais 11,3% face ao mesmo mês de 2021, com os maiores valores no Algarve (2.102 euros/m2) e na Área Metropolitana de Lisboa (1.996 euros/m2), e os valores mais baixos no Centro e no Alentejo (945 euros/m2 e 950 euros/m2, respetivamente). O Algarve e a Região Autónoma da Madeira tiveram o maior crescimento homólogo (19,6%) e o Centro o menor (10,5%).
O instituto, nos dados de novembro divulgados esta quarta-feira, baseados em respostas ao inquérito à avaliação bancária na habitação, ressalva que o número de avaliações bancárias consideradas diminuiu pelo sexto mês consecutivo, para cerca de 25,6 mil, menos 13,7% do que no mesmo período de 2021 e menos 22,9% do que em maio último, mês em que se registou o máximo da série que está em curso desde 2011.