A cadeia espanhola de supermercados Mercadona registou em 2022 vendas de 737 milhões de euros em Portugal, mais 77,6% face a 2021, e um prejuízo de 50 milhões, que compara com 64 milhões de euros negativos no ano anterior.
Na apresentação dos resultados feita esta terça-feira em Valência, o presidente da empresa líder de mercado em Espanha, Juan Roig, afirmou-se “muito satisfeito” com o desempenho da operação em Portugal, que alcançou as 39 lojas em 2022 (mais 10 face a 2021), avançando que o objetivo é que atinja o equilíbrio já este ano.
Em 2023, o investimento programado em Portugal é de 280 milhões de euros, o dobro do efetuado em 2022, designadamente na abertura de 10 novas lojas e na construção do centro logístico de Almeirim, a inaugurar em 2024 e que será o segundo bloco logístico da Mercadona em Portugal e “o maior de toda a cadeia”.
De acordo com Juan Roig, a empresa pagou 93 milhões de euros em impostos em Portugal em 2022, através da empresa Irmãdona Supermercados, com sede em Vila Nova de Gaia, tendo finalizado o ano com uma equipa de 3.500 colaboradores.
O empresário afirmou que "gostaria de abrir mais" do que as 10 novas lojas previstas em Portugal este ano, mas disse que tal implicaria maior capacidade logística do que a atualmente disponível. "Por isso é que estamos a trabalhar em Almeirim", salientou.
No ano passado, as vendas consolidadas em base constante da Mercadona aumentaram 11%, para 31.041 milhões de euros. Deste total, 30.304 milhões correspondem à faturação da empresa em Espanha e os restantes 737 milhões de euros são relativos a Portugal.
O lucro líquido do grupo situou-se em 718 milhões de euros, um aumento de 5% que a Mercadona sublinha representar “praticamente metade do aumento registado pelas vendas (+11%), validando o esforço feito pela empresa para conter a inflação através da otimização e redução das margens e da rentabilidade”.
Ao longo de 2022, a Mercadona diz ter criado mais de 3.000 novos postos de trabalho, dos quais 1.000 em Portugal, tendo fechado o ano com uma equipa de 99.000 pessoas, “todas com contrato efetivo”. Em 2023 pretende criar “mais de 1.000 empregos, entre Portugal e Espanha”.
De forma a “garantir o poder aquisitivo” dos seus trabalhadores em Portugal e Espanha, a empresa diz ter procedido a um aumento salarial “em linha com o IPC [Índice de Preços ao Consumidor] de cada país, concretamente 5,7% em Espanha e 9,6% em Portugal”. Neste último país, acrescentou, “o salário de entrada na empresa também aumentou 11%”.
Em 2023, a Mercadona prevê investir um total de 1.100 milhões de euros (contra os 923 milhões de 2022) “para continuar a impulsionar o seu plano estratégico de transformação”, sendo que, desse total, 280 milhões se destinam a Portugal.
A empresa encerrou 2022 com um total de 1.676 supermercados, após ter aberto 63 unidades e encerrado 49 “que não se adequavam ao seu novo modelo de loja mais eficiente e sustentável (Loja 8)”. Em Espanha, o plano é abrir 58 novas lojas este ano.
Questionado pelos jornalistas sobre a eventual entrada em novos mercados, fora da Península Ibérica, Juan Roig afirmou: "Depois de Portugal, [virá] mais Portugal. Ainda temos de ter mais fornecedores portugueses e de conhecer melhor Portugal. O terceiro pais chegará, mas nos próximos dois ou três anos não".