Cerca de 150 milhões de jovens, entre os 13 e os 15 anos, são alvo de bullying ou agridem os colegas, de acordo com um estudo elaborado pela Unicef em 39 países da Europa e da América do Norte. Elas usam mais a pressão psicológica, eles a força física, diz à Renascença Beatriz Imperatori, diretora executiva da Unicef em Portugal.
O bullying "é uma componente perversa da educação dos jovens em todo o mundo", reconhece o fundo das Nações Unidas para a infância.
A diretora executiva da Unicef em Portugal reconhece que o panorama português não é muito diferente daquele que se verifica na generalidade dos países estudados.
"Cerca de metade dos adolescentes entre os 13 e os 15 anos reportaram ter sofrido bullying na escola alguma vez. É um número que nos deve preocupar", afirma Beatriz Imperatori.
A diretora executiva da Unicef admite que este também é um problema dos agressores, uma vez que "um terço dos adolescentes já relataram praticar violência contra pares". Beatriz Imperatori sugere, por isso que, "no caso destas crianças, existe uma maior predisposição para normalizar e desvalorizar este tipo de situações".
Outro dado sublinhado neste relatório da Unicef tem a ver com as manifestações da violência entre pares em contexto escolar.
"Há mais bullying psicológico sobre as raparigas, e entre as raparigas, e mais força física entre os rapazes. E estamos sempre a falar de violência entre pares".
Contudo, a responsável pela secção portuguesa da Unicef acrescenta que o estudo confirma que a violência contra menores também é exercida por adultos.
"Estima-se que existam cerca de 750 milhões de crianças que ainda são sujeitas a castigos corporais por parte de adultos, de uma maneira geral". Um cenário transponível para a esfera do ensino, uma vez que "ainda há países onde o castigo corporal continua a ser uma forma de educar e de reprimir as crianças, sobretudo em África e no Médio Oriente".
Educar as famílias e acompanhar os professores
Beatriz Imperatori defende que "a educação pelo exemplo, a começar em casa, é a melhor forma de prevenir a proliferação de fenómenos deste género", a par de uma maior capacitação das escolas para, elas mesmas, conseguirem lidar com este fenómeno.
"Não basta investir em melhores infraestruturas e mais seguras. Há que fazer com que as escolas sejam capazes de identificar os mecanismos de violência que, muitas vezes, passam desapercebidos a quem não está treinado para identificá-los."
A diretora executiva da Unicef em Portugal defende, por isso, a introdução de "outros atores, para além do professor, para intervir neste tipo de situações. Um professor, obviamente, tem de ter sensibilidade para detetar casos de bullying, mas a escola não pode depender só dela. Precisa de um sociólogo, precisa de um psicólogo que - em conjunto com os professores e com a comunidade escolar - podem trabalhar este assunto", conclui.