O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta quinta-feira que a dívida pública ficou abaixo dos 100% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de 2023, antecipando-se aos dados formais que serão divulgados esta manhã.
Na intervenção de abertura do Fórum Banca, organizado pelo Jornal Económico, em Lisboa, Centeno disse que "um dos grandes pilares do sucesso da economia portuguesa é a estabilidade financeira" e que para demonstrar isso gosta de começar pela redução do endividamento, público e privado.
Sobre a dívida pública, disse Centeno: "Ficaremos a saber hoje que está abaixo de 100% [do PIB]", o que "há muitos anos que não acontecia".
O ex-ministro das Finanças acrescentou que esta redução "não é um epifenómeno, não é uma situação que acontece por acaso", mas que "resulta de um esforço que passa pelas famílias, empresas e, necessariamente, pelo Estado".
O Banco de Portugal (BdP) divulga hoje os dados da dívida pública de dezembro do ano passado em termos nominais e em percentagem PIB.
Economistas consultados pela Lusa já tinham considerado que a dívida deve ter ficado nos 100% do PIB pelo efeito positivo combinado de um crescimento nominal da economia acima do normal devido à inflação e também ao bom desempenho real da economia em 2023.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou esta semana que a economia portuguesa cresceu 2,3% na totalidade do ano, tendo registado uma expansão homóloga de 2,2% e em cadeia de 0,8% no quarto trimestre.
De acordo com os dados do Banco de Portugal, em novembro de 2023, a dívida pública, na ótica de Maastricht, diminuiu 2,5 mil milhões de euros, para 267,9 mil milhões de euros e quando líquida dos depósitos das administrações públicas manteve-se nos 252,6 mil milhões de euros.
No final do ano passado, o ministro das Finanças, Fernando Medina, montou, segundo o semanário Expresso, "uma operação especial gigantesca, que incluiu a recompra de títulos de dívida pública a privados, seguradoras e bancos, por um lado, e o pagamento antecipado de dívida das empresas públicas" com o objetivo de fechar o ano com o rácio abaixo dos 100%.
Contudo, a generalidade dos economistas contactados pela Lusa considerou que a recompra tem um efeito pontual.