Nos 800 anos da vocação franciscana de Santo António, o Papa escreve: "este antigo santo, mas tão moderno e engenhoso nas suas intuições”, continua a ser um modelo inspirador para os dias de hoje.
Numa carta dirigida ao padre Carlos Tovarelli, Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais, Francisco diz esperar que este aniversário "desperte, especialmente nos religiosos e devotos franciscanos de Santo António espalhados pelo mundo, o desejo de experimentar a mesma santa inquietação que o levou pelas estradas do mundo a testemunhar, com palavras e obras, o amor de Deus”.
O Papa sublinha o exemplo de António, que partilhou "as dificuldades das famílias, dos pobres e desfavorecidos, bem como sua paixão pela verdade e justiça que, ainda hoje pode suscitar um generoso compromisso de doação, em sinal de fraternidade".
A carta de Francisco recorda que, em 1220, em Coimbra, Portugal, "o jovem agostiniano Fernando, natural de Lisboa, ao saber do martírio de cinco franciscanos, mortos por causa da fé cristã em Marrocos, decidiu transformar a sua vida".
Naufragou no Mediterrâneo como tantos ainda hoje
O religioso deixou sua terra e embarcou numa viagem, "símbolo de seu próprio caminho espiritual de conversão", explica Francisco. "Primeiro foi para Marrocos, determinado a viver corajosamente o Evangelho nos passos dos franciscanos ali martirizados, depois desembarcou na Sicília após um naufrágio nas costas da Itália, como acontece hoje com tantos dos nossos irmãos e irmãs”.
O Papa recorda ainda que, “depois da Sicília, o desígnio providencial de Deus levou António ao encontro com Francisco de Assis e finalmente a Pádua, cidade que estará sempre ligada de maneira especial ao seu nome e que guarda o seu corpo”.
Para comemorar este VIII centenário, os Frades Menores Conventuais da Província italiana de Pádua lançaram o projeto "António 20-22” que, num período de três anos, entre 2020 e 2022, quer celebrar, além da sua vocação franciscana, o seu naufrágio em Itália, o seu primeiro encontro com São Francisco e a sua revelação ao mundo como um grande pregador e santo.
Com esta carta, Francisco espera que as celebrações ajudem a "repetir com Santo António: 'Eu vejo meu Senhor’, pois é necessário ver o Senhor no rosto de cada irmão e irmã, oferecendo a todos consolação, esperança e a possibilidade de encontrar a Palavra de Deus sobre a qual ancorar a própria vida".