A nova variante do coronavírus chegou a Portugal há um mês, já é a dominante e deverá aumentar o número de infeções nas próximas semanas.
A EG.5 ou ERIS já circula por terras lusas há pelo menos um mês, segundo dados do Instituto Ricardo Jorge, citados por Gustavo Tato Borges, da Associação de Médicos de Saúde Pública à Renascença.
"Segundo o último relatório, a análise termina na última semana de julho, já 54% das intenção de Covid-19 detetadas em Portugal seriam atribuídas à EG.5 e à sua linhagem mãe", diz, concluindo que "Portugal já tem uma maioria de infeções causadas por esta variante".
Uma das características da nova estirpe é a maior facilidade de transmissão, o que agrava o risco de aumento das infeções. É mais uma adaptação deste vírus, que tem sido "muito eficaz em, regularmente, alterar a sua composição genética, de maneira a ser mais eficaz em esconder-se de pessoa para pessoa, o que passa por esconder-se melhor do nosso sistema imunitário", explica Gustavo Tato Borges.
A boa notícia é que esta estirpe não é mais agressiva do que as anteriores, não agrava o risco de doença grave ou morte.
Ainda não existem dados de agosto, os últimos são do final de julho, mas nessa altura muitos peregrinos já se encontravam no país, assim como a nova variante. Gustavo Tato Borges admite, por isso, que a Jornada Mundial da Juventude tenha contribuído para aumentar o número de infeções no país.
"Qualquer ajuntamento populacional sem o mínimo de condições e precauções tem características para aumentar esta transmissão de doenças, também foi um dos motivos pelo qual a saúde pública se empenhou em dar condições de alojamento que garantissem uma ocupação adequada por metro quadrado, para não estarem todos aglomerados uns aos outros. A noite que falhou mais terá sido a noite antes da missa da despedida", diz Gustavo Tato Borges.
A nova variante EG.5 tem aumentado as hospitalizações nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia e já está a ser preparada uma vacina, avança esta segunda feira a agência Reuters.
Vacina só para mais vulneráveis
Gustavo Borges apoia a atualização da vacina, mas desaconselha uma nova vacinação geral da população. Para já, devem ser vacinados os mais vulneráveis e quem lida com eles.
Segundo este especialista, é uma mais valia uma vacina atualizada para os mais vulneráveis e para quem lida com eles, mas "não será necessário vacinar toda a população outra vez, porque esse efeito de massa, à partida, não trará grandes vantagens".
Gustavo Tato Borges recomenda que se aguarde, "se algum dia haverá uma vacina que seja universal e que possamos inocular todas as pessoas, de forma eficaz".
Para já, os médicos de saúde pública recomendam prevenção, sobretudo nos próximos tempos.
A Organização Mundial de Saúde já alertou para os riscos da nova variante aumentar o contágio e de se tornar dominante.