"Os resultados obtidos" nas eleições presidenciais deste domingo "ficam aquém do valor desejável", admite Edgar Silva, o candidato apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP).
Num discurso na sede de campanha, em Lisboa, Edgar Silva garantiu que cada voto na sua candidatura "é um compromisso que adquire mais força nesta nossa tarefa de mudar a vida e tem consequências" na "defesa de um Portugal mais justo".
De acordo com os resultados oficiais provisórios, Edgar Silva ficará no quinto lugar, com apenas alguns milhares de votos de vantagem do candidato independente Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans.
Edgar Silva reconheceu ter falhado os objectivos para estas eleições presidenciais. Foi a pior prestação de sempre de um candidato apoiado pelo PCP.
À intervenção do candidato seguiu-se uma reacção de Jerónimo de Sousa ao desaire eleitoral. O secretário-geral afirmou que "as vitórias não descansam" nem as derrotas desanimam os comunistas, recusando a leitura de perda de influência política face ao Bloco de Esquerda, antecipando um novo bom resultado nas próximas autárquicas.
O PCP, sublinhou, mantém a sua postura séria no âmbito da posição conjunta acordada com o PS, actualmente no Governo.
"Uma característica que temos é que trabalhamos muito, lutamos muito e nem sempre isso resulta em aumento do número de votos. Não é por acaso que é um partido que tem muito mais influência social e política do que eleitoral. Podíamos apresentar uma candidata assim mais engraçadinha, um discurso populista, seria fácil aumentar votação", afirmou, para logo recusar alguma vez trocar "valores e princípios" por um melhor resultado eleitoral.
Jerónimo de Sousa elogiou a candidatura independente dos interesses económicos e de defesa da Constituição levada a cabo por Edgar Silva e criticou o vencedor Marcelo Rebelo de Sousa.
"O resultado de Marcelo é inseparável de uma cuidada e prolongada construção mediática, prolongada até ao dia das eleições como vimos na hora de almoço", lamentou Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP lembra que Marcelo é o candidato do PSD e do CDS e vai ser o "prolongamento do estilo que marcou mandatos da Cavaco Silva".