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O preço da eletricidade no mercado ibérico Mibel volta a disparar para novo máximo histórico e, apesar do Governo dizer que Portugal dispõe de muitas almofadas para travar o aumento de preços ao consumidor, cresce a apreensão tanto para particulares como na indústria. O antigo ministro Mira Amaral considera que a culpa é do investimento massivo na energia eólica.
O preço grossista da energia elétrica vai bater novo recorde na quinta-feira, com cada megawatt/hora a ultrapassar em média os 141 euros no mercado ibérico de eletricidade.
Este aumento é justificado com uma nova contração da produção de energia eólica, que está a provocar um maior recurso às centrais térmicas.
O preço do gás natural nos mercados internacionais continua elevado, bem como o custo das licenças de emissão de dióxido de carbono, pressionando assim em alta o preço grossista da eletricidade, explica Mira Amaral, antigo ministro Indústria e Energia.
Em declarações à Renascença, o economista defende que o investimento massivo na energia eólica foi “totalmente irresponsável e incompetente” e, agora, os consumidores portugueses e os espanhóis “estão a pagar os custos desse desastre”.
“Importa explicar porque é que chegámos a esta situação. Portugal e Espanha investiram massivamente em energia eólica que não resolve o problema, porque nas horas de maior consumo há pouco vento, havendo pouco vento a capacidade instalada eólica é pouco utilizada e não produção de energia eólica suficiente para equilibrar a procura.”
Neste cenário, é preciso recorrer mais às centrais térmicas, mas o preço dessa energia também aumentou de 40/50 euros por megawatt/hora, há um ano, para “mais de 100 euros por megawatt/hora”, devido ao aumento do gás natural e dos custos de emissão de CO2, refere Mira Amaral.
O antigo ministro constata que o mal está feito e afasta uma descida generalizada do IVA da eletricidade, o há a fazer então é utilizar o aumento de receitas do CO2 para reduzir o preço da energia ao consumidor.
“O ministro da Economia não quer reduzir o IVA e a receita fiscal, porque está alinhado com o ministro das Finanças, mas o Governo teve um aumento muito grande das receitas de CO2 e outros países estão a utilizar esse aumento de receitas para reciclar o sistema elétrico para reduzir o preço ao consumidor. É isso que o Governo português pode e deve fazer, mas já vai tarde e a más horas”, apela Mira Amaral nestas declarações à Renascença.
O presidente da ENDESA, Nuno Ribeiro da Silva, sustenta que o Governo não considera a redução generalizada do IVA da eletricidade, por razões orçamentais, embora fosse uma boa solução.
“Naturalmente, acho que sim, seja relativamente ao IVA ou a outros impostos e taxas que incidem sobre a eletricidade. Agora, há um constrangimento orçamento que é sem dúvida o primeiro, o segundo e o terceiro argumento que determinam essa indisponibilidade para considerar a baixa do IVA e dos outros impostos que incidem sobre a eletricidade”, afirma Nuno Ribeiro da Silva, para quem a medida não seria financeiramente viável para o Orçamento do Estado.
O presidente da ENDESA - Nuno Ribeiro da silva - em declarações esta tarde à RR...tal como Mira Amaral, com o antigo ministro da Industria e Energia a referir-se ao governo, em tom muito critico, também sobre o aumento do preço dos combustiveis, em particular do gasóleo.
Mira Amaral também critica o Governo sobre o aumento do preço dos combustíveis, em particular do gasóleo.
O antigo ministro sustenta que António Costa mantém a austeridade por via dos impostos indiretos e o que deveria fazer era reduzir o imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP), “que é muito elevado”.
“António Costa continua a fazer austeridade através dos impostos indiretos ao consumo, nomeadamente o ISP. Neste momento, ele devia reduzir o ISP, fazer o movimento simétrico ao que fez quando entrou para o Governo e os preços do petróleo diminuíram muito, ele aumentou o ISP. Agora, devia reduzir o ISP. Foi o que ele prometeu, mas não está a cumprir”, atira Mira Amaral.