O líder do gangue que raptou 17 missionários e seus filhos, mais o condutor do autocarro que os transportava, promete matá-los caso não receba os 17 milhões de dólares que está a exigir para os libertar.
Num vídeo publicado nas redes sociais Wilson Joseph, líder do gangue 400 Mawozo, aparece vestido de fato roxo, chapéu na mão e uma cruz ao peito e dirige-se diretamente ao Presidente do país, Ariel Henri e ao chefe da polícia, Léon Charles, a quem acusa de terem matado cinco dos seus “soldados”.
“Vocês fazem-me chorar. Eu choro água. Mas a vocês vou fazer-vos chorar sangue. Matar cinco dos meus soldados não significa que irão destruir o meu exército”, diz.
“Meus senhores, juro pelos trovões que se não obter o que estou a pedir, meto uma bala na cabeça de cada um destes americanos”, termina.
Quase uma semana depois do rapto já se sabe em maior detalhe quem são os norte-americanos raptados pelos 400 Mawozo. Ao todo são 17 pessoas, incluindo 16 americanos e um canadiano. Há homens e mulheres entre os raptados e cinco crianças, com idades entre os oito meses e os 15 anos. A estes soma-se o condutor do autocarro, um haitiano.
Os missionários estavam a regressar da visita a um orfanato quando o autocarro foi desviado e todos os ocupantes raptados. O grupo pertence a uma organização chamada Christian Aid Ministries (CAM), que tem a sua sede no Ohio, nos EUA. A CAM é financiada em larga medida por membros das comunidades amish e menonitas, que vivem sobretudo em locais rurais nos Estados Unidos e no Canadá.
Seguidores do ramo anabatista do Cristianismo, que defende, entre outras coisas, o batismo apenas de adultos, estes cristãos tendem a rejeitar tecnologia moderna e procuram viver vidas tranquilas, dedicadas sobretudo à agricultura e trabalhos manuais. A Christian Aid Ministries é uma das formas que encontram de pôr em prática o mandamento de evangelização e caridade que toca a todos os cristãos.
A imprensa americana informa que as autoridades americanas estão a colaborar com as forças haitianas para tentar assegurar a liberdade dos raptados, mas não foram divulgados detalhes sobre as operações.
O Haiti tem sido marcado por anos de crise social e económica, com grandes níveis de pobreza agravadas por desastres naturais. Só na primeira metade do mês de outubro foram raptadas 119 pessoas, segundo o Centro de Análise e Pesquisa de Direitos Humanos.